Thursday, December 30

Christmas brought, among other things

This.



Aparentemente não sou pasteleira.
But who wants to, anyway?...

Monday, December 20

XXVIII

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.

Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
a brancura das palavras maduras
ou o medo de perder quem me perdia.

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes
E longamente fiquei até sentir
O meu sangue jorrar nas próprias fontes

as mãos e os frutos, Eugénio de Andrade

Wednesday, December 15

Sunday, December 12


Nice Guy Eddie: Listen, Vic. Whatever you wanna do in the privacy of your own home, go do it. But don't try to fuck me in my father's office - I don't think of you that way. I like you a lot man, but I don't think of you that way.

Monday, November 29

Sei proposte per il prossimo milennio

Não precisamos de muita coisa


Não precisamos de muita coisa,

um pouco de sol e as Berlengas no horizonte,

a tarde escorrendo na cafetaria,

os nossos olhos lentos e as vidraças

subitamente acesas no esplendor das bátegas.

Patos selvagens erguendo-se da lagoa 

quando sairmos e ao vento frio oferecermos 

a transparência dos lábios cercados 

pela melancolia da tarde que se nos finda

.

E à noite talvez as mãos

ardidas de saudade e em surdina

uma canção de Ella e Louis Armstrong.

p. 27, Sob os teus pés a terra, Soledade Santos

Outro poema: lido pela Artefacto

Wednesday, November 24

Sophie Scholl

Immer in unser Herz.

Die letzten Tage

Mesmo que os advogados fiquem sem emprego

"Quereis prevenir os delitos? Fazei com que as leis sejam claras, simples e que toda a força da nação se concentre em defendê-las e nenhuma parte dela seja empregada para destruí-las. Fazei com que as leis favoreçam menos a classe dos homens do que os próprios homens."

Pp. 131, Dos delitos e das penas de Cesare Beccaria

Saturday, November 20

Friday, November 19

Leituras em Novembro


O mar bate como se o sopro
do separar das águas de novo
rasgasse a terra alcantilada.
Não vejo, mas ao longe
oiço, no êxtase, o rumor
das ondas infinitamente.
Depois calamo-nos ouvindo
a voz interior apenas e pensamos
nos livros que consubstanciam
a separação entre a terra e a água.

Fiama Hasse Pais Brandão

Saturday, November 13



[Vic hoists a young rhinoceros out of a trap]
Eloise Kelly: Hey! A kangaroo.

Monday, November 8

"Mine the long night
The secret place
Where lovers meet
In long embrace
In purple dark
In silvered kiss
Forget the world
And grasp your bliss"

Christabel LaMotte, Possession

Saturday, November 6

"(...) Sigam o meu conselho e voltem ao estado normal... O senhor Boi, grandalhão... e a Senhora Rã, pequenota... E se aspiram a ser iguais conquistem a liberdade de não serem idênticos e de poderem atirar as desigualdades à cara um do outro... Ou então...
Mas aqui calou-se enrodilhado nas palavras que mal roçavam pela verdade fugidia... E, envergonhado, lá os deixou (a Rã a aumentar... o Boi a diminuir...), disposto a não se deter mais durante a travessia do país da Fábula — farto de filosofices e, sobretudo, com uma fome diabólica."

Aventuras de João sem Medo, José Gomes Ferreira

Sunday, October 31

The Edukators

"Niccolò Machiavelli é. sobretudo, mais diverso do que aqueles que, com estupidez militante, o reduzem ao homem unidimensional."

José António Barreiros, introdução d'O Príncipe, de Maquiavel

Monday, October 25

O livro-cobra

"O livro-cobra vai largando a pele pelos lugares e mãos de passagem, enrosca-se nos braços do leitor que o lê por comunicação táctil. O livro - cobra muda de pele e o leitor é renovado. Pele contra pela. Por osmose um mesmo tecido nasce da morte do anterior. Mas o livro - cobra hiberna e, enquanto hiberna enrosca-se nos buracos da memória, nos interstícios da matéria negra, até novo solstício – só então renasce.. O leitor eterno vive no plano infinito que este livro desenrola. Ou o livro nos infinitos planos da temporalidade do leitor?"

Manuel Silva-Terra, Lira, p. 12

Sunday, October 24

It's never too late

Zu mein Freund

a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Uf.

"There are at least eight ways to break out of this dump.
I'm taking the front door."

Sunday, October 17

David Fonseca from Ricardo Barros Espírito Santo on Vimeo.

Revelação


Meu o ofício incerto das palavras
a evocação do tempo
o recurso ao fogo

Meu o provisório olhar
sobre este rio
o fascínio consentido das margens
sitiando a distância

Meus são os dedos que em tumulto
modelam capitéis
de sombra e arestas

Mas oculto na brisa
és Tu quem percorre o poema
despertando as aves
e dando nome aos peixes

José Tolentino Mendonça

Thursday, October 14

To His Coy Mistress

Had we but world enough, and time,
This coyness, Lady, were no crime
We would sit down and think which way
To walk and pass our long love's day.
Thou by the Indian Ganges' side
Shouldst rubies find: I by the tide
Of Humber would complain. I would
Love you ten years before the Flood,
And you should, if you please, refuse
Till the conversion of the Jews.
My vegetable love should grow
Vaster than empires, and more slow;
An hundred years should go to praise
Thine eyes and on thy forehead gaze;
Two hundred to adore each breast,
But thirty thousand to the rest;
An age at least to every part,
And the last age should show your heart.
For, Lady, you deserve this state,
Nor would I love at lower rate.

But at my back I always hear
Time's wingèd chariot hurrying near;
And yonder all before us lie
Deserts of vast eternity.
Thy beauty shall no more be found,
Nor, in thy marble vault, shall sound
My echoing song: then worms shall try
That long preserved virginity,
And your quaint honour turn to dust,
And into ashes all my lust:
The grave's a fine and private place,
But none, I think, do there embrace.

Now therefore, while the youthful hue
Sits on thy skin like morning dew,
And while thy willing soul transpires
At every pore with instant fires,
Now let us sport us while we may,
And now, like amorous birds of prey,
Rather at once our time devour
Than languish in his slow-chapt power.
Let us roll all our strength and all
Our sweetness up into one ball,
And tear our pleasures with rough strife
Through the iron gates of life:
Thus, though we cannot make our sun
Stand still, yet we will make him run.

Andrew Marvell

Sunday, October 10

Guten Abend

As aulas de alemão começaram. É tempo de retomar velhos amigos televisivos.

Thursday, October 7


Não era the King? Ai era, era.

Monday, October 4

Totoro

viii

somewhere i have never travelled,gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously)her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully ,suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility:whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain,has such small hands

e. e. cummings

Portrait ou o martírio da leitura

Felizmente os direitos do leitor incluem não ler, passar páginas, deixar livros a meio. Nada disso aconteceu (pelo menos em grande escala — mas quem consegue ler mais de trinta páginas seguidas de pensamentos auto-destrutivos face a supostos pecados?! Um prémio de paciência sacerdotal para o corajoso) na leitura deste livro, mas podia muito bem ter acontecido.

O pioneiro do stream of consciousness, grande utilizador de técnicas narrativas modernas, o que quiserem. Mas se a biblioteca de babel só contivesse exemplares de Joyce, estávamos bem tramados.

Monday, September 27


"Quando um homem começa a tocar-te com as palavras, chega longe com as mãos!"

Il Postino, 1994

Saturday, September 25


"(...) que significa o sangue a lei a convenção
para quem numa mão - amor ou amizade -
tem o sensível signo do sentido da vida"

Ruy Belo

Sunday, September 19

Sunday, September 12

Duas cidades, Paris

(…)

há uma altura, creio
um dia em que se acorda
e se percebe tudo:
a traição do acaso
que dispersa a folhagem do jardim,
a solidão inacessível dos desertos,
a ferocidade da natureza
em certas estações,
essa espécie de errância
que pertence ao silêncio
mais que a qualquer palavra


Baldios, José Tolentino Mendonça na Assírio e Alvim

Wednesday, September 8

Uma ideia da Índia, de Alberto Moravia


Uma ideia da Índia é um livro acre, de sabor picante e odor a caril e a sândalo, que nos chega quente e envolvente como o clima indiano. Como objecto em si mesmo, tem um valor irrefutável: é fruto de uma das belíssimas edições da Tinta da China, editora que faz questão de adoptar uma política diferente da de muitas outras, assumindo frontalmente que um livro também deve ser esteticamente agradável por fora. Este livro, como os outros da colecção, conta por isso com mapas na contracapa, escolha de cores e de caracteres irrepreensível e até um marcador — preto e sedoso — incorporado.

Moravia, por sua vez, é o descritor objectivo e indiferente, que fala das cidades e dos seus habitantes como se estes não tivessem tido contacto directo com ele, mas antes os visse através de um ecrã de vidro transparente, que o isola e o torna incorruptível. Não chego a perceber se gostou ou se, pelo contrário, não gostou, da Índia. Percebe-se que não está arrependido da viagem, mas não é possível saber se tal se deve a uma procura inata de saber e é uma mais-valia para a sua actividade profissional e enquanto homem ocidental, ou se se deve antes a uma verdadeira descoberta de um mundo exótico que o conquista. Esta forma de não revelar liminarmente as suas inclinações é ajudada pelo tom sóbrio que usa para descrever tudo o que o rodeia, ausente de considerações mais mundanas ou infundadas, e pela ausência, por vezes demasiado notória, de referências aos seus companheiros de viagens - Elsa Morante e Pier Paolo Pasolini - ou a peripécias mais triviais que em princípio lhes devem, de facto, ter acontecido. Como se, propositadamente, Moravia omitisse todos os pormenores que pudessem fazer o leitor suspeitar de qualquer parcialidade ou influência — ele esteve na Índia, mas não esteve, ele viu-a com os olhos da Europa (é impossível, mesmo que tente evitá-lo, não o fazer) mas não a viu com os olhos de europeu. Se a Índia é tal como ele a escreveu, não é possível dizer, até porque o fez em 1961 e quarenta e um anos depois é de esperar que as paisagens que atravessou já não sejam as mesmas. Mas a sua escrita é, sem sombra de dúvida, bela o suficiente para valer por si só, é densa e clara como poucas, e sozinha justifica, sem mais, que se leia este livro.

As opiniões que o autor julga mais ponderadas e objectivas, essas ele deixa transparecer ao longo de toda a narrativa: a maneira como os indianos encaram a religião (retratando “a natureza imediata e nua” na forma dos seus deuses que, ao envolver-se sexualmente, querem “encobrir o divino, cósmico e inefável desejo que (...) está na origem de todas as coisas"), a arte indiana (“o ódio ao vazio, a proliferação delirante dos ornamentos”), a figura do próprio primeiro ministro Nehru, a quem chama “o intelectual”. Na vertente mais sócio-política e económica da sua análise imperam as razões que Moravia aponta para a pobreza em que a Índia vive mergulhada — a rigidez ainda viva do sistema das castas, por exemplo — e a influência que os diversos povos colonizadores nela exerceram, especialmente os ingleses, que segundo Moravia estão intimamente ligados à história indiana, não tanto por um processo de colonização, mas principalmente por um de simbiose parcial. No final, ainda assim, o que nos irá impressionar mais neste livro será mesmo a beleza das palavras, cuidadosamente escolhidas, e uma curiosidade insaciável por um povo que nos é tão próximo e que, ao mesmo tempo, não podia estar mais distante de nós.

Camilo Pessanha (1867-1926)

além do suco
da papoila

a quem pedir contas
pelo atear da escrita?

Miguel-Manso, Santo Subito, p.27

Monday, September 6

Sunday, September 5

Raiz de Orvalho

Sou agora menos eu
e os sonhos
que sonhara ter
em outros leitos despertaram

Quem me dera acontecer
essa morte
de que não se morre
e para um outro fruto
me tentar seiva ascendendo
porque perdi a audácia
do meu próprio destino
soltei ânsia
do meu próprio delírio
e agora sinto
tudo o que os outros sentem
sofro do que eles não sofrem
anoiteço na sua lonjura
e vivendo na vida
que deles desertou
ofereço o mar
que em mim se abre
à viagem mil vezes adiada

De quando em quando
me perco
na procura a raiz do orvalho
e se de mim me desencontro
foi porque de todos os homens
se tornaram todas as coisas
como se todas elas fossem
o eco as mãos
a casa dos gestos
como se todas as coisas
me olhassem
com os olhos de todos os homens

Assim me debruço
na janela do poema
escolho a minha própria neblina
e permito-me ouvir
o leve respirar dos objectos
sepultados em silêncio
e eu invento o que escrevo
escrevendo para me inventar
e tudo me adormece
porque tudo desperta
a secreta voz da infância

Amam-me demasiado
as cosias de que me lembro
e eu entrego-me
como se me furtasse
à sonolenta carícia
desse corpo que faço nascer
dos versos
a que livremente me condeno

Mia Couto, Raiz de orvalho e outros poemas

Friday, August 27

Figura en una finestra (Figura en una ventana)


Consoantes átonas

Emudecer o afe (c)to português?
Amputar a consoante que anima
a vibração exa (c) ta
do abraço, a urgência

tá (c) til do beijo ? eu não nasci
nos Trópicos; preciso desta interna
consoante para iluminar a névoa
do meu di (c)to norte.


Inês Lourenço em Coisas que Nunca, &etc (2010)

Marianne e o que se aprende no Quem quer ser milionário


Marianne est la figure allégorique de la République française. Sous l’apparence d’une femme coiffée d’un bonnet phrygien, Marianne incarne la République française et représente par là-même les valeurs républicaines françaises contenues dans la devise : « Liberté, Égalité, Fraternité ».

http://fr.wikipedia.org/wiki/Marianne

Saturday, August 14

Recomendações para as férias


- Leve seis ou sete livros, mesmo sabendo que naquela semana de praia só vai conseguir ler dois ou três;
- Ande, ande muito. Mas comece devagar, porque quando chegar a altura de fazer aqueles 5 kms (mais 5 de regresso) até à cascata mais próxima ou 2 kms carregado com a toalha/chapéu/comida/tralha vai sentir o corpo como nunca sentiu antes;
- Perca-se. Para poder ter uma verdadeira aventura quando regressar. Mas tome o cuidado de se perder em locais com bom sinal telefónico, levando consigo água, comida e telemóvel com saldo (para não estar perdido mais tempo do que o estritamente desejado).
- Coma gelados. Férias de verão sem gelados é o mesmo que o cristiano ronaldo sem futebol (ou seja, são muito pouco interessantes)
- Aproveite para tentar todas aquelas experiências malucas no seu cabelo que sempre quis fazer mas com as quais tem vergonha de surpreender os seus colegas de trabalho (é muito mais fácil chegar mudado dois meses depois da última vez que os viu do que dois dias);
- Perca todos os talões de compras, para não conseguir saber quanto é que realmente gastou nas suas férias "económicas"
- Esteja, em suma, mais activo do que em período escolar/de trabalho; "quem corre por gosto não cansa".

A carência

Eu não sei de pássaros,
não conheço a história do fogo.
Mas creio que a minha solidão deveria ter asas.

Alejandra Pizarnik

O melhor chá de sempre

Tuesday, August 10

Thursday, August 5

"But no matter, the road is life."

Jack Kerouac, On the road

Tuesday, July 27

Elegia para Ana Mendieta

Évora avermelha de um lado
enegrece do outro entre as
muralhas

vai chover sobre os olhos e nos
terraços

gatos perseguem-se no calor de Julho
para o temporal submetidos telhados
imóveis limoeiros

um piano numa das celas
verte a melopeia sobre
o claustro

Quando escreve descalça-se, Miguel-Manso, Trama

Saturday, July 24

As coisas que se aprendem com teoria da argumentação


The Münchhausen Trilemma (after Baron Münchhausen, who allegedly pulled himself out of a swamp by his own hair), also called Agrippa's Trilemma (after Agrippa the Skeptic), is a philosophical term coined to stress the purported impossibility to prove any truth even in the fields of logic and mathematics. It is the name of an argument in the theory of knowledge going back to the German philosopher Hans Albert, and, more traditionally, Agrippa.

http://en.wikipedia.org/wiki/Münchhausen_Trilemma

Tuesday, July 20

"Julga que a vida nos pede compaixão? Não creio. O que a vida nos pede é que a festejemos. Voltemos ao pargo. Se fosse este pargo preferia que eu o comesse com desgosto ou com alegria?
O albino ficou calado. Ele sabe que é um pargo (somos todos), mas prefere, creio, que não o comam nunca."

O vendedor de passados, José Eduardo Agualusa

Sunday, July 11

José Saramago

Este é o tempo em que todos me morrem.




Eu não sou nada e tenho a sorte de ter amado




a grandeza de homens imperfeitos.




Por isso, hei-de voar.


Licínia Quitério, encontrado n' O Sítio do Poema

Kings of Convenience answering questions

Encontrei num blog este desafio, que consiste em pegar nos nomes das músicas de uma banda, e procurar responder às seguintes perguntas com eles. A escolha recaiu na minha banda preferida. Agora tomo a liberdade de passar o desafio à madame esquila, à mimi, ao miguel, à catie mars e à Marta.S. Believe me, fazer isto é engraçado.

1) És homem ou mulher? Toxic Girl

2) Descreve-te: The girl from back then

3) Como te sentes em relação a ti próprio? Peacetime resistence

4) Descreve o sítio onde vives actualmente: Parallel lines

5) Se pudesses ir a qualquer lado, onde irias? Cayman Islands

6) O teu melhor amigo é: Freedom and its owner

7) A tua cor favorita é: Gold in the air of summer

8) Tu sabes que: Love is no big truth

9) Como está o tempo? Summer on the Westhill

10) Se a tua vida fosse um programa de televisão, que nome teria? The weight of my words

11) O que é a vida para ti? Power of not knowing

12) Qual o melhor conselho que tens para dar? Stay out of trouble

13) Se pudesses mudar de nome, mudáva-lo para qual? Mrs Cold

14) Como descreves o teu último relacionamento? I'd rather dance with you

15) Descreve o estado actual da tua relação: Me in you

16) O que pensas a respeito do amor? Homesick

17) O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Know-how
"If you burned every poem on the planet and you wiped every poem from every human mind, you would have poetry again by tomorrow afternoon"

http://www.guardian.co.uk/books/2010/jun/18/the-future-of-poetry

Saturday, July 10


Estrela cadente —
apaixonada, sem saber
onde isto irá dar.

Mayuzumi Madoka, in O Japão no feminino II - Haiku, Séculos XVII a XX

Friday, July 2

Is Great Britain the same as the UK?


No, Great Britain and the United Kingdom refer to different areas.
Great Britain is very often, but incorrectly, used as a synonym for the sovereign state properly known as the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland or the UK for short.

Great Britain is a political term which describes the combination of England, Scotland, and Wales, the three nations which together include all the land on the island. It is also a geographical term referring to the island on which the greater parts of England, Wales and Scotland are situated.

http://www.woodlands-junior.kent.sch.uk/customs/questions/britain/britain.htm

Sunday, June 27

A gata da blogosfera que mais tem faltado


http://arcadajade.blogs.sapo.pt/

Deus na Oficina - I


Ainda que declare agora
nada saber do mundo,
pois que o mundo em si não existe
(mas só os modelos que fabricamos
para explicá-lo),
a ciência logo outros sonhos acrescenta
quando parecia querer roubá-los.
Acrescentará deus, não tarda,
à lista de gente famosa
eleita figura do ano pela Forbes,
com direito a entrevista por Bill Gates,
outro Grande Programador.

Resta-nos aprender e espalhar
a sua palavra, a sua utopia,
fundar sobre a ciência uma crença
que contemple o mais possível o amor
– abstendo-se, é claro, de o explicar –
e esperando do amor que não faça,
fiel a si mesmo, qualquer sentido,
um amor enfim liberto do tempo e do espaço,
apto a converter os povos
à poesia da ciência.

Alguns prestarão culto à mais ínfima parte de si,
tementes à mecânica quântica, outros,
assim no espaço como no tempo constantes,
assim no amor como na doença,
jurarão, de olhos postos no céu
(Havai, Atacama, Arecibo),
pela Teoria da Relatividade Geral.

Mas o que importa no fundo é aguardar,
e crer, sem deixar de levar a fé
perante o tribunal da razão,
recusando dogmas, milagres, profetas
(Galileu, Newton, Lorenz, Einstein).

Porque uma Teoria do Todo virá:
criança alguma ousará
não dirigir a palavra
a outra criança
ou desconvidá-la para a sua festa
de aniversário.

Tudo veremos reconciliado:
ficção e ciência,
tropo e teorema,
metáfora, equação

coeficiente

poema.

Rui Lage, O revólver

Wednesday, June 23

Tuesday, June 22

Carta (Esboço), ou e-mail


Lembro-me agora que tenho de marcar um
encontro contigo, num sítio em que ambos
nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma
das ocorrências de vida venha
interferir no que temos para nos dizer. Muitas
vezes me lembrei de que esse sítio podia
ser, um lugar sem nada de especial,
como um canto de café, em frente de um espelho
que poderia servir de pretexto
para reflectir a alma, a impressão da tarde,
o último estertor do dia antes de nos despedirmos,
quando é preciso encontrar uma fórmula que
disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É
que o amor nem sempre é uma palavra de uso,
aquela que permite a passagem à comunicação
mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale,
de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós
leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio
ser, como se uma troca de almas fosse possível
neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e
me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas
vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde,
isto é, a porta tinha-se fechado até outro
dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então
as palavras caem no vazio, como nunca tivessem
sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar
um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos
para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que
é também a mais absurda, de um sentimento; e, por
trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia
seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos
encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas,
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros.

Núno Júdice, Teoria Geral do Sentimento

Friday, June 18

"A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem"

All them apple-eaters


"I think I'd first just assemble all the children together and show them how to meditate. I'd try to show them how to find out who they really are , not just what their names are and things like that... I guess, even before that, I'd get them to empty out everything their parents and everybody ever told them. I mean even if their parents just told them an elephant's big, I'd make them empty that out. An elephant's only big when it's next to something else"

Teddy, the ninth story of J. D. Salinger

Saturday, June 12

Solstício de verão

Amanhã e depois,
todas as tardes,
espero os grilos
que enchem ao
longe as noites
curtas, cada vez
menos curtas.

Curso intensivo de jardinagem, Margarida Ferra

Tuesday, June 8

Monday, June 7

Cada vez mais

"E quanto mais te perco mais te encontro
morrendo e renascendo e sempre pronto
para em ti me encontrar e me perder."

Manuel Alegre, no poema Teoria do amor

Tuesday, May 25


Para mais informações, ver http://eartefacto.blogspot.com/

Que se dane o direito

"Naturalmente não foi ao escritório; tinha horror à Rua do Arco do Bandeira, ao dr. Caminha, às figuras plácidas do procurador. Ah, não! Não lhe faltava mais nada senão ir enterrar-se na caverna dos autos! Não nascera para isso! Era um homem todo de literatura, de sensações, de poesia: ao diabo o papel selado! Ia escrever um livro, é o que ia fazer. Dedicar-lho-ia, a ela."

Eça de Queiróz, em A tragédia da Rua das Flores

Saturday, May 22

Scientists create a living organism

Em honra da recente vinda do Papa, porque não dizer que estamos cada vez mais próximos de Deus?

"Scientists have turned inanimate chemicals into a living organism in an experiment that raises profound questions about the essence of life. Craig Venter, the U.S. genomics pioneer, announced on Thursday that scientists at his laboratories in Maryland and California had succeeded in their 15-year project to make the world's first "synthetic cells" -- bacteria called Mycoplasma mycoides.

"We have passed through a critical psychological barrier," Dr. Venter told the FT. "It has changed my own thinking, both scientifically and philosophically, about life, and how it works."
The bacteria's genes were all constructed in the laboratory "from four bottles of chemicals on a chemical synthesizer, starting with information on a computer," he said.

The research -- published online by the journal Science -- was hailed as a landmark by many independent scientists and philosophers.
"Venter is creaking open the most profound door in humanity's history, potentially peeking into its destiny," said Julian Savulescu, ethics professor at Oxford University. "This is a step towards ... creation of living beings with capacities and natures that could never have naturally evolved."

CNN

Thursday, May 13

Hora H




não és

não és o mar
a receber-me
és um pressentimento
sem palavras
sem certezas
a noite imprevisível
de silêncios.

Silvia Chueire, em por favor, um blues

Sunday, May 9

Frak, it ended.



http://en.wikipedia.org/wiki/Frak_(expletive)

Thursday, April 29

Um pouco de Rosa branca ao peito

Quando te sentires perdida
fecha os olhos e sorri.
Não tenhas medo da Vida
que a Vida vive por si.

António Gedeão

Sunday, April 25

Uma palavra: Liberdade


"Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar."

Ermelinda Duarte

Saturday, April 24

"I am for you, and you are for me, not only for our own sake, but for others' sakes"

Walt Whitman

Monday, April 19

Hypatia

"The daughter of Theon, also a notable mathematician and philosopher, Hypatia became the recognized head of the Neoplatonist school of philosophy at Alexandria about 400, and her eloquence, modesty, and beauty, combined with her remarkable intellectual gifts, attracted a large number of pupils. Among them was Synesius of Cyrene, afterward bishop of Ptolemais (c. 410), several of whose letters to her are still extant.
(...) Theodosius I, Roman emperor in the East from 379 to 392 and then emperor in both the East and West until 395, initiated an official policy of intolerance to paganism and Arianism in 380. In 391, in reply to Theophilus, the bishop of Alexandria, he gave permission to destroy Egyptian religious institutions. Christian mobs obliged by destroying the Library of Alexandria, the Temple of Serapis, and other pagan monuments. Although legislation in 393 sought to curb violence, particularly the looting and destruction of Jewish synagogues, a renewal of disturbances occurred after the accession of Cyril to the patriarchate of Alexandria in 412. Tension culminated in the forced, albeit illegal, expulsion of Alexandrian Jews in 414 and the murder of Hypatia, the most prominent Alexandrian pagan, by a fanatical mob of Christians in 415. The departure soon afterward of many scholars marked the beginning of the decline of Alexandria as a major centre of ancient learning.
(...) The existence of any strictly philosophical works by her is unknown. Indeed, her philosophy was more scholarly and scientific in its interest and less mystical and intransigently pagan than the Neoplatonism taught in other schools. Nevertheless, statements attributed to her, such as “Reserve your right to think, for even to think wrongly is better than not to think at all” and “To teach superstitions as truth is a most terrible thing,” must have incensed Cyril, who in turn incensed the mob."

Sunday, April 11


"Love is all a matter of timing. It's no good meeting the right person too soon or too late."

Saturday, April 10

Canção do lavrador


Meus versos lavro-os ao rubro
nesta página de terra
que abro em lábios. Descubro-
-lhe a voz que no fundo encerra

Os versos que faço sou-os
a relha rasga-me a vida
e amarra os sonhos de voos
que eu tinha à terra ferida

Poema que mais que escrevo
devo-te em vida. No húmus
a rego simples eu levo
os meus desvairados rumos

Mas mais que poema meu
(que eu nunca soube palavra)
isto que dispo sou eu
Poeta não escrevas lavra

Ruy Belo
"(...) Law resembles religion (...). For legal dogma and theological dogma alike, it is advisable to keep the world of faith compatible with the world of scientific truth."

How the law thinks: toward a constructivist epistemology of law, Gunther Teubner

Wednesday, April 7

Prenda de anos


Estudantes de direito, e não há muito mais a dizer.

Monday, April 5

E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.

Rosa Lobato Faria

Wednesday, March 31

What the hell does everybody want with my Gran Torino?


Ontem à noite vi um filme tão bom — demasiado bom — que nem quero falar sobre isso.

Tuesday, March 30

Manhattan

"I think people should mate for life, like pigeons or catholics."

Thursday, March 18

Três passos seguros para perder um voo


1º — Escolha um destino cujo aeroporto seja suficientemente grande (pelo menos três andares e, se possível, dois ou três edifícios com terminais diferentes), mal sinalizado e muito rigoroso com as questões do controlo e segurança. Ah, convém que este destino tenha também um metro com mais de dez linhas de vinte estações.

2º — Decida ver pelo menos um dos pontos de interesse que falta na hora e meia que antecede a hora de embarque e, se achar necessário, descanse ainda um pouco, para perder mais uns minutos.

3º — Para garantir que não tem nenhuma surpresa, experimente ainda perder a carteira no caminho para o aeroporto. Mas cuidado, para que esta medida seja totalmente eficaz deve garantir que só se apercebe da falta da sua carteira no balcão do check-in.

Wednesday, March 10

De partida para Madrid, lê-se em castelhano

Soneto XVII

No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.

Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,

sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.

Pablo Neruda, Cien sonetos de amor

Sunday, March 7

The Time Machine, filme surrealista

Explicação do fenómeno, avançada em conversa por uma das espectadoras: Então é assim: o protagonista principal, o Jeremy Irons e o pretinho do museu juntaram-se, puseram o guião à frente do realizador e disseram – Não és capaz de fazer isto. "Sou sim." "Não és nada." "Ai isso é que sou". E foi.