Wednesday, September 30

"Le bonheur est une chose trop sérieuse pour être laissée aux économistes et aux politiques. En revanche, il est permis d'exiger d'eux qu'ils construisent un monde qui ne nous rende pas sa quête impossible."
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"A felicidade é uma coisa demasiado séria para ser deixada aos economistas e aos políticos. Por outro lado, podemos exigir deles que construam um mundo que não nos torne a sua busca impossível."

Philippe Frémeaux
Na página da Soledade Santos

Sunday, September 27


quem já o tenha visto três vezes.

Wednesday, September 23

Saturday, September 12

Femme et chatte


Elle jouait avec sa chatte,
Et c'était merveille de voir
La main blanche et la blanche patte
S'ébattre dans l'ombre du soir.

Elle cachait — la scélérate! —
Sous ces mitaines de fil noir
Ses meurtriers ongles d'agate,
Coupants et clairs comme un rasoir.

L'autre aussi faisait la sucrée
Et rentrait sa griffe acérée,
Mais le diable n'y perdait rien...

Et dans le boudoir où, sonore,
Tintait son rire aérien,
Brillaient quatre points de phosphore.

Paul Verlaine

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Mulher e gata

Ela brincava com a gata
E era admirável ver as duas,
A branca mão e a branca pata,
Brincando à noite, na penumbra.

Ela escondia - a celerada ! -
Sob as mitenes de fio escuro
As assassinas unhas de ágata,
Claras, cortantes, como um gume.

Fingia-se a outra adoçada
E retraía a garra afiada,
Mas o diabo nada perdia...

E no toucador retinia
O som de aéreas gargalhadas
E quatro pontos fosforesciam.

Tradução por Fernando Pinto do Amaral, em Poemas Saturnianos e Outros

Friday, September 11

Jorge de Sena volta a Portugal


Meu caro Amigo

Se me não engano, é esta a segunda carta que V. recebe depois de morto. A outra, como deve estar lembrado, escreveu-lha Carlos Queiroz, que o conheceu pessoalmente. Não tive eu tanta honra, o que, pode crer, é um dos meus desgostos verdadeiros. No entanto, não lamento o desencontro. Apenas a curiosidade ficaria satisfeita; e, em contrapartida, jamais o Álvaro de Campos ou o Alberto Caeiro se revestiriam, a meus olhos, daquelas pungentes personalidades que lhes permitiu, e aos outros, o seu espírito sem realidade nenhuma. Porque esta é a verdade, meu Amigo: toda a sua tendência para a “despersonalização”, para a criação de poetas e escritores “heterónimos” e não pseudónimos, significa uma desesperada defesa contra o vácuo que V. sentia em si próprio e à sua volta. Quando V. criou o Álvaro de Campos, o Alberto Caeiro e o Ricardo Reis, quando fez deles um grupo de amigos seus, defendeu-se contra si próprio – e só não o tendo eu conhecido pessoalmente, não tendo, pois, assistido à irremediável ausência de qualquer deles, era possível cumprir-se em mim (ou noutros em idênticas circunstâncias, e para quem, também, a poesia não seja uma forma definitiva como um título consolidado) o que deve ter sido um dos mais melancólicos sonhos da sua vida.

V. não foi um mistificador, nem foi contraditório. Foi complexo, da pior das complexidades – a sensação do vácuo dentro e fora, V. não foi um poeta do Nada, mas, pelo contrário, poeta do excessivamente virtual, de toda a consciência trágica de probabilidade, que a crença no Destino não exclui.
(...)
Não, meu Amigo! O D. Sebastião da “Mensagem” parece-se tão extraordinariamente com o Menino Jesus do “Guardador de Rebanhos” (“era o deus que faltava”...), que quase se suspeita da objectividade de “O Menino de sua Mãe”! É essa a fonte do espantoso vácuo que o cercava, meu Amigo: o vácuo da Terra, da qual o Sol se levanta, mas da qual não nasce!...
Não creio, portanto, que a morte o tenha prejudicado, meu Amigo: V. não diria mais do que disse; V. tinha dito sempre a mesma coisa – maravilhosamente, de quantas maneiras possíveis.

Veja, no entanto, as “Malhas que o Império tece”! Porque V., à parte o seu caso único na história das literaturas, para ser algo do Super-Camões que anunciara, não precisava de ter publicado uma espécie de Lusíadas, e de deixar as Líricas dispersas por revistas, ou amontoadas num baú, entregues às mãos do acaso e da amizade...

As suas obras estão sendo publicadas. O grande público decorará o seu nome; muitas pessoas o lerão; algumas o hão-de entender e amar. Outras desconfiarão de V. Outras, ainda, lamentarão secretamente aquela complexidade, de que já falámos, e que não pode servir de garantia a profecias ou realidades, para uso do “gado vestido dos currais dos Deuses”. Será tido como mistificador. Será tido como contraditório. Mas V., meu Amigo, já o sabia... E aquele sorriso vago, que flutuar aquém dos seus retratos, para quem será, não é verdade?

Creia na imensa admiração e no imenso respeito do
Jorge de Sena

Carta a Fernando Pessoa, In Fernando Pessoa & Cª Heterónima

Thursday, September 10

Tuesday, September 8

Cozinha da Casa de Manhouce, para a Marta

Em homenagem ao seu Amadeo.

L'amour, selon les enfants

"Quando a minha avó ficou com artrite, não se podia dobrar para pintar as unhas dos dedos dos pés. Portanto o meu avô passou a fazer sempre isso por ela, mesmo quando apanhou, também, artrite nas mãos. Isto é o amor."
Rebeca, 8 anos

"Amor é quando vais comer fora dares grande parte das tuas batatas fritas a alguém, sem obrigares a darem-te das dele."
Chrissy, 6 anos

"O amor é quando dizes a um rapaz que gostas da camisa dele e, depois, ele usa-a todos os dias."
Noelle, 7 anos

"Amor é quando a mamã vê o papá vem cheiroso e arranjadinho e diz que ele ainda é mais bonito do que o Robert Redford."
Chris, 7 anos

E tratar dos pontos negros alheios, digo eu?

Em Lisboa que Amanhece

Odisseia no Espaço

pensando em Kubrick e em Borges


Se o tempo é relativo e

as viagens espaciais levam

tempo, porque não falar-se

em tempos espaciais?

O inferno são todos

Porque a estupidez humana raramente tira férias.

Início do ano escolar é amanhã nos EUA
Obama ateia controvérsia com discurso aos estudantes americanos
07.09.2009 - 19h26 Rita Siza, Washington
Várias escolas norte-americanas indicaram já que não vão transmitir amanhã o discurso de início do ano escolar do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, depois de educadores e pais um pouco por todo o país terem manifestado a sua oposição ao que classificaram como um “acto de doutrinação” ideológica. (...)
De acordo com excerptos disponibilizados pela Casa Branca, Obama falará da sua própria experiência escolar e de como por vezes não queria fazer trabalhos de casa. O Presidente vai dizer que desistir dos estudos pode parecer uma boa ideia, mas nunca é: “Estão a desistir de vocês próprios e também do vosso país”.
Antes de Obama, outros dois Presidentes, os republicanos Ronald Regan e George H. Bush, tiveram a mesma ideia — e foram elogiados pela iniciativa. Mas Obama acabou por ver-se envolvido numa enorme e surpreendente controvérsia, alimentada por grupos de interesse e comentadores conservadores, que logo classificaram a mensagem do Presidente como uma forma encapotada de disseminar “propaganda liberal”.
O furor começou depois do gabinete do Presidente ter divulgado um primeiro resumo da sua intervenção, para que os professores pudessem preparar as suas aulas. Aí se referia que Obama iria sugerir que os alunos “ajudassem” o Presidente a governar, por exemplo escrevendo cartas para a Casa Branca dando conta de ideias e iniciativas que gostassem de ver concretizadas.
Perante a oposição dos conservadores, a Casa Branca recuou e retirou essa sugestão do discurso.
Notícia na íntegra no Público de 08-09-2009

Sunday, September 6

A verdadeira história da Gata Borralheira


"Pensam vocês que sabem esta história? Mas a que têm na vossa memória É só uma versão falsificada, Rosada, tonta e açucarada Feita para as crianças inocentes Não terem medo, Ficarem contentes."
(...)
"-Ó Querida Madrinha, ó boa Fada,
Vou-lhe pedir coisa complicada.
Príncipe rico já eu conheci,
de luxos e jóias já me servi.
Agora pretendo um marido honrado
Bom e fiel, sempre a meu lado."

"A Gata Borralheira de repente
viu-se casada com atraente
fabricante de bela marmelada.
Como era doce, doce estar casada!
Para todo o sempre foram felizes,
não sei se tiveram muitos petizes."

Histórias em Verso para Meninos Perversos, Roald Dahl traduzido por Luísa Ducla Soares

Friday, September 4


Andaram a chatear-me por causa de os votos nulos provavelmente favorecerem uma maioria absoluta, e por dever inscrever-me na ordem dos advogados, mesmo sem verdadeiramente o querer. Para todos esses:

Wednesday, September 2


Dez dias fora do país, e resolvem pregar-nos uma partida, terminando as obras da interminável linha vermelha. Será efeito das eleições que se aproximam?...