Saturday, October 31

Porque é que viver com uma estudante de arquitectura dá mau resultado





Porque acabamos a fazer pesquisas estranhas.
"Querida mamã: acabo de iniciar a minha carreira de advogado defendendo um réu político. Absolveram-me – NICOLAS."

Mais na Pó dos Livros

Friday, October 30

Cap


Portanto, recorrendo essencialmente à wikipédia e aos meus (demasiado) escassos conhecimentos de biologia, pretendo pensar aqui em letra escrita a cópula da espécie Sylvilagus floridanus, vulgarmente conhecida como Coelho. Sem entrar demasidamente em pormenores complexos, podemos logo apercebermo-nos de uma verdade evidente: mais do que a maioria dos restantes animais, os coelhos Não copulam com o objectivo de reproduzir a espécie. Quer dizer, isso é evidente!, com a quantidade de crias que têm de cada vez, que justificariam que se envolvessem uma única vez na sua vida, ponto culminante a partir do qual a sua existência perderia a adrenalina, com as coelhas autorizadas a alegar pretensas dores de cabeça sempre que lhes fosse conveniente. Mas aqui é que está o grande segredo, da igreja e das coelhas! (A igreja nunca quis admiti-lo, mas este assunto embaraça-a profundamente). Na verdade elas têm um útero bifurcado (palavra que me faz sempre pensar na língua das serpentes e na hidra do hercúles da disney), o que significa que que podem ter gravidezes múltiplas. Os senhores e as senhoras (principalmente as últimas), já devem ter percebido o que isto significa... Orgasmos múltiplos, pois está claro. Caro Watson, assim se resolvem os mistérios mais intricados.


Depois ainda temos o bom velho coelho à caçador, que certamente tem efeitos afrodisiacos conotados, mas isso fica para outra oportunidade igualmente oportuna para abordar temas tão tabu como este.

Tenho-me alimentado de poesia, assim como quem se sente a morrer de fome


"Deixai-me chorar mais e beber mais,
Perseguir doidamente os meus ideais,
E ter fé e sonhar - encher a alma."


Camilo Pessanha, Clepsidra

Thursday, October 29

Prestidigitação

Não pode mais do que a natureza
nem são de ferro as leis que me governam.
Dentro de mim as artes se conjugam
que de novos sinais te vão cercar:

uma pedra fendida num sorriso,
uma nuvem gritando nas alturas,
uma sombra que a luz não justifica,
um sopro quando o vento se afastou.

Outras muitas maravilhas eu faria
e quantas mais me dessem na vontade,
mas não a servem artes nem sinais:
é de ferro e é lei esta saudade.

José Saramago, Os Poemas Possíveis

Wednesday, October 28

XIII

Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos

Saturday, October 24

Não ter deus é um deus também


Repare-se como Saramago tentou explicar que ainda não percebeu qual foi o grande problema de toda a gente com aquilo que ele, na sua liberdade de autor, entendeu escrever.

Encontrei no Bibliotecário de Babel a dedicatória do livro, e acho que vale a pena lê-la:
A Pilar, como se dissesse água.

Friday, October 23

Requiem pelo que ficou para trás

O universo pariu várias novas estrelas, incluindo O amanhecer das palavras.
Aqui vai fica o meu poema preferido do poeta que viajou para lá.
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Ensaio geral para a eternidade

Não sou este aceno de luz
que às vezes reflecte no ar
um traço de música

não diz de mim
a voz com que dançamos
sem ensaios
em palcos de palavras

resquício de coisas
que se atraem e às vezes
colidem no início de um parágrafo

o que deixei para trás
o que poderei ter sido sem saber.

não interessa,
responderei sempre
que maio florir.

O verão chega e ilumina
a desarrumação dos sentidos
a noite vem e leva consigo
as incertezas.

fico então
sem tempo nem modo
até nova palavra

sete sóis, no dawning dusk

Wednesday, October 21

Eu estou do lado do Saramago

Contra todas as congregações religiosas que se apresentarem ao combate.

Tuesday, October 20

Vambora

Os Possivelmentes mudaram-se para uma nova lua. Aqui

Revisitações

"Onde os meus pés estiverem,
aí estará a minha raíz para me sustentar,
para me erguer e me lançar nas asas do vento,
da chuva e do sol.

Quando o meu chão se abala e estremece,
é a minha raíz sacudindo os galhos, os frutos e os talos...
que só a lucidez já me quis...

E quando o meu ódio é frio, e o meu amor é ardente,
são as asas da vida equilibrando os planos...
E quando a minha voz faz questão de dar o meu segredo,
e o meu coração revelar os meus desejos,
são os palcos da vida levantando os panos...

Aonde a razão me levar, sob o chão estará a minha raíz,
para me fortalecer, me fortificar, romper, perdoar ou calar,
e se um dia o meu sol se esconder,
é que a noite também vive em mim,
e a lua virá para alternar as minhas marés,
e as estrelas guiarão os meus pés...

E quando o que em mim é sagrado se torna profano,
é que, anunciada a vida.
há um querer mais cigano,
é que a luz dessa noite me quer com mais clareza,
e nas veias do mundo
eu sou sangue que alimenta, eu sou coragem!

As estradas da vida são uma eterna coragem,
e aí se revela a minha natureza..."

Ana Cunha, em O vento e a lua, de Rita Ferro

Sunday, October 18


You're a part time lover and a full time friend

dawning dust

por vezes um pequeno
engano pode causar
torrentes de acusações
e terramotos de sentimentos,
deslocando lealdades
e entoações. quando na
verdade o que interessa
é a procura de uma forma
comum de mal entendido.

Saturday, October 17

Comprido e espinhoso é o caminho

"De vez em quando, é saboroso fechar os olhos e, nas trevas, dizermos a nós próprios: ' Sou feiticeiro' "

Em A Ponte para a Eternidade, Richard Bach

Wednesday, October 14

Descontos na Assírio e Alvim

Gerês

Quando me levantei
já as minhas sandálias andavam
a passear lá fora na relva

Esta noite
até os atacadores dos sapatos
floriram

Jorge Sousa Braga, O Poeta Nu

"The Panopticon is a type of prison building designed by English philosopher and social theorist Jeremy Bentham in 1785. The concept of the design is to allow an observer to observe (-opticon) all (pan-) prisoners without the prisoners being able to tell whether they are being watched."

http://en.wikipedia.org/wiki/Panopticon

Le philosophe et historien Michel Foucault a particulièrement attiré l'attention dessus dans Surveiller et punir (1975) en en faisant le modèle abstrait d'une société disciplinaire, inaugurant une longue série d'études sur le dispositif panoptique.

Friday, October 9

Sentidos

Vivemos rodeados de amigos
e dos famíliares dos amigos,
incapazes de verdadeiramente
nos soltarmos, ou de pelo
menos nos perdermos de vez.
Vamos seguindo a vertigem
do conhecimento
(electrónico-carnal) que
desvendamos, por trás
de sorrisos ocasionais e
ocos de sentido, sem chegarmos
à verdade que nos salvaria.

Como esponjas
secas e poirentas.

Thursday, October 8

Complicated

Estivemos a falar sobre o que achamos da Avril Lavigne. É um assunto difícil, mas conseguimos resumir com sucesso (brindemos ao sucesso, Quintino!) o essencial: uma menina mimada, cheia de ideais e pretensões de um estilo que depois renegou, em troca de tudo o que mais desprezava. A música dela é a prosa do Dan Brown na música; mas bolas, nós gostamos de a ouvir once in a while.

Desafiei a Caixa de Berloques a pensar nisto por escrito, mas ela não teve coragem. É pena, porque com tantas reflexões interessantes na blogosfera deve-se sempre contribuir com uma ou outra mais elevada, por exemplo sobre a Avril Lavigne.

Eu e Maria Manuela acabámos isto

O próximo é a Mona Lisa :)
"Pour moi, l'écriture (...) doit servir au livre."

Entretien avec Michel Foucault, Le Point, n'1659, 1 Juillet 2004

Dez anos depois, uma Amália poeta


"Tantas coisas que já li
Outras tantas que vivi
Fazem de mim o que sou
Ai se eu tivesse esquecido
Tudo o que tenho vivido
E o coração decorou"

Amália Rodrigues, achado aqui

Tuesday, October 6

Monday, October 5

O mar pela manhã


Deixem-me estar aqui. Que também eu contemple,
um pouco, a natureza - o mar, nesta manhã,
o céu azul sem nuvens, de um e de outro a luz
onde se alonga a amarelada praia.

Deixem-me estar aqui. Que eu pense que isto vejo
(não é que o vi um instante, quando aqui parei?).
Tudo isto só - e não, também aqui, visões,
memórias, e os espectros do prazer antigo.

Constantino Cavafy
(trad. Jorge Sena, enviada pela Amélia Pais)