Monday, November 29

Não precisamos de muita coisa


Não precisamos de muita coisa,

um pouco de sol e as Berlengas no horizonte,

a tarde escorrendo na cafetaria,

os nossos olhos lentos e as vidraças

subitamente acesas no esplendor das bátegas.

Patos selvagens erguendo-se da lagoa 

quando sairmos e ao vento frio oferecermos 

a transparência dos lábios cercados 

pela melancolia da tarde que se nos finda

.

E à noite talvez as mãos

ardidas de saudade e em surdina

uma canção de Ella e Louis Armstrong.

p. 27, Sob os teus pés a terra, Soledade Santos

Outro poema: lido pela Artefacto

1 comment:

Alfredo Rangel said...

Uma poesia lindíssima da Soledade.
Mais uma desta extraorninária poeta.