Wednesday, August 27

Cordeirinho



É você não existe, Dindí

Encontro

Felicidade, agarrei-te
Como um cão, pelo cachaço!
E, contigo, em mar de azeite
Afoguei-me, passo a passo...
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera.
E foi, assim, que, submissa,
Vi chegar a Primavera...
Quem a colher que a arrecade
(Há, nela, um segredo lento...)
Ó frágil felicidade!
— Palavra que leva o vento,
E, depois, como se a ideia
De, nos dedos, a ter tido
Bastasse, por fim, larguei-a,
Sem ficar arrependido...

Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"

Monday, August 25

Friday, August 22

O Dune não se termina. O Dune continua, entra na nossa pele e deixa-a seca como se estivessemos no deserto, e nunca mais fossemos os mesmos depois de Arrakis.

:)

Thursday, August 21

"Ouvir de novo a tua voz seria
 Matar a sede com água salgada"

Miguel Torga

Wednesday, August 20

Rien de rien

"Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou"

 Allanis, eu sei que you live, you learn, mas está difícil. Parece que eu não aprendo, acho sempre as pessoas menos mesquinhas do que na verdade são, porque "não é possível que só ajam com má intenções", ah, mas agem sim, porque todas correm atropelando-se pela última migalha de self esteem. E a minha única protecção é a verdade, essa entidade caprichosa e bela que só obedece às suas próprias vontades.

Não queria arrepender-me de nada, vivi muito tempo com essa sensação, mas ela deu lugar à dura realization: arrependo-me da minha própria fraqueza, das coisas que deixei acontecerem - no fundo sempre por amor.

Que essa fraqueza não volte a toldar o sentido do que é certo.

Tuesday, August 19

Bene Gesserit

Apetece-me terminar este espaço. Deixá-lo na rede, flutuante, mas fechado, porque sem possibilidade de retorno. Não tenho a certeza porquê, mas creio que a razão deverá estar relacionada com o facto de me sentir diferente, ser outra. Todos somos, à medida que o tempo passa. Sinto-me como o Paul, cruzando o passado, o presente e o futuro na mesma trama de linhas intercruzadas, de decisões rápidas que darão origem à nova realidade, tentando prescrutar para lá da névoa dos caminhos percorridos e por percorrer, sem conseguir alcançar a verdade última do sentido da caminhada.

Mas é pouco provável que consiga - que queira - fechar uma parte tão forte de mim, que resistiu ao tempo e aos pedidos de encerramento do exterior.

Eu só queria perceber melhor o foreboding, os momentos de suspensão do tempo que atravesso por vezes, sem saber se me indicam de onde vim e para onde vou, ou se acarretam o peso do que trouxe comigo até aqui e do que tive de fazer.

Friday, August 8

Thursday, August 7

Monday, August 4

Das reconciliações impossíveis II

#Se está tudo bem, porque é que às vezes só nos apetece chorar?

https://www.youtube.com/watch?v=xRDr_UFPi9I


Pobre Tim Maia.

Friday, August 1


Das reconciliações impossíveis

#Como conciliar esta vontade de estabelecer um novo estatuto jurídico para os animais com a vontade de os comer, entre os amores e desamores com o T. e a B.?
A poesia não vai à missa,
não obedece ao sino da paróquia,
prefere atiçar os seus cães
às pernas de deus e dos cobradores
de impostos.
Língua de fogo do não,
caminho estreito
e surdo da abdicação, a poesia
é uma espécie de animal
no escuro recusando a mão
que o chama.
Animal solitário, às vezes
irónico, às vezes amável,
quase sempre paciente e sem piedade.
A poesia adora
andar descalça nas areias do Verão.

Eugénio de Andrade