Saturday, February 25

Ser Portuguesa é estranho, às vezes



Et pourtant...

Ver-te

Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado.
Quando te vejo e embora exista o vento
nenhuma folha nas múltiplas àrvores se move
ver-te é logo todas as coisas começarem é
tudo ser desde sempre anterior a tudo.
Ver-te é sem tu me veres eu sentir-me visto
sentir no meu andar alguma segurança mínima
caminhar pelo ar a meio metro da terra
e tudo flutuar e ser ainda mais aéreo do que o ar
ver-te é nem mesmo pensar que deixarei de ver-te

Ruy Belo

Wednesday, February 22

A kind of hush



" So listen very carefully
Get closer now and you will see what I mean
It isn't a dream
The only sound that you will hear
Is when I whisper in your ear I love you
For ever and ever"

Sunday, February 19

"Se calhar o que ela não consegue encarar é ter de me explicar. Ou talvez não tenha mesmo tempo. Sabes, nós achamos sempre que há esta ou aquela razão e não paramos de procurar as razões. E eu podia contar-te muitas coisas que fiz mal Mas eu acho que a razão pode ser uma coisa que não se encontra facilmente. Talvez uma pureza do seu carácter. Sim. Uma qualquer singularidade e rectidão e pureza, uma honestidade completa. O meu pai costumava dizer, das pessoas que não gostava, que não precisava delas para nada. Será que isso não pode ter um significado literal? A Penelope não precisa de mim. 
Talvez ela não me suporte. É possível."

Alice Munro, in Fugas

Brick house



You never thought that being a brick house could be good, until he gave you the funk...