Sunday, May 31

Teoria do caos

Nope, não há sentido. Quando cresci um pouco e finalmente ganhei liberdade dos meus pais e comecei a agir por minha conta e a ser feliz, pensei que afinal não tinha sido tão má assim no passado, e que aquela história de que o bom que mereces te irá apanhar era verdade. Mas depois veio muita infelicidade (talvez porque eu mereci? mas como?!). Essa infelicidade, de uma forma ou de outra, nunca mais me abandonou; tornou-se minha, como a cicatriz do Zuko. Eu sou essa infelicidade agora, mesmo quando sou feliz. O pior, porém, é que se tornou difícil voltou a acreditar na teoria do Música no coração, e agora passo o tempo a antever o pior, e a esperar o momento em que a felicidade que (ainda) tenho se vá embora, endurecendo-me para isso. No processo, firo as pessoas à minha volta, porque o endurecimento é uma camada a mais entre mim e os outros. Eu sofro, os outros sofrem. Se eu tiro a camada, eu sofro, e por isso acabo a magoar alguém provavelmente.

No final parece que, aconteça o que acontecer, sou sempre eu a única to cry a river. E não vejo solução.

PS: Lembrar que quem quebra uma promessa, quebra duas. Mais: que a ilusão do amor é muito forte e cega, por isso pensamos que amamos quando na verdade o que sentimos é pena, orgulho, nostalgia, amor-próprio. Lembrar que me basta a minha maldade, a minha pena, o meu voyeurismo, e que já tenho o suficiente para me entreter sem morrer de pena pelos outros ou culpar-me pelo que não controlo.

Saturday, May 30

Pensar demais nunca deu bom resultado



Não percebo qual é a do destino. A não ser que seja a de provar que é ele que manda, no tempo dele. Nesse caso tudo faz sentido.

Poesias edipianas

Onde um é doce, o outro era amargo.
Onde um é furioso, o outro era calmo.

Friday, May 29



Está quase a acabar, a obrigação omnipresente e os tempos de estudo. Na versão de Cullum, que é uma das melhores - talvez porque ele é "Twentysomething"?

Thursday, May 21

Friday, May 15

Damaged

Durante muito tempo pensei que não tinha sido afectada por acontecimentos na minha infância, pelo menos não traumatizada de nenhum modo, como as pessoas que tiveram problemas a sério são. Eu não tinha tido problemas a sério, só coisinhas familiares quando comparadas com os outros, ainda por cima eu sou forte e instruída, pensava, nem penso nisso à noite, é como se nada se tivesse passado. Mas passou. Só porque não foi uma história trágica, ou típica dos manuais de psicologia, não quer dizer que tenha sido saudável. E só me apercebi disso há dias, clarividência súbita como um relâmpago, no momento em que mencionar o passado não é possível sem um choro que eu tentei conter. Estou damaged for life, afinal. À minha maneira, que é a maneira das minhas circunstâncias, mas sim, o R. tinha razão, as nossas experiências subjectivas é que ditam a importância que as coisas têm para nós, e nenhuma amargura é menor do que a do outro só porque é diferente. Perceber isto foi bom, porque me isenta de alguma vez vir a cometer o mesmo erro na vida amorosa, embora nesse departamento eu sempre tenha tido uma melhor noção de até que ponto coração partido é coração remendado, para sempre. 

Mas sou uma pessoa alegre, on top of everything else. E apesar de tudo acho que não fiquei demasiado traumatizada (dá para constituir a minha própria família, um dia, espero que com os meus próprios erros e não reflexos dos erros do passado). Por escrever reflexões sobre o que é ser uma mulher divorciada aos 25 anos. Fica para outra vez. 

PS: Que se fodam os prescritores da língua e dos bons costumes que acham que podem vir impingir-me um acordo sem qualquer base justificativa que não seja a estupidez imoral das politics. Que se fodam porque eu, se quiser, escrevo até com ph, ou meto mil anglicismos por traduzir pelo meio, como o T. da M. 

Friday, May 8

Let me rest in peace



A Buffy e o Spike, sempre <3>

Wednesday, May 6

Pertencer

Ganhei tempo para fazer a tese. Ou seja, o rush da escrita e de tudo, em 14 dias. A I., que é muito perfeccionista, diz que fez a dela em 10 dias, por isso há esperança (mas ela pode ter dado um colorido de exagero às coisas, por isso não há certezas). Estou a tentar, por isso, escrever sobre nada, para ver se pego o jeito de escrever outra vez. Porque tenho de ultrapassar este bloqueio "criativo", ou lá o que este medo absurdo e paralisante é. Sinto que já estou a sair dele, desde que levei o livro da S. no metro e voltei a ler e escrever poesia. O medo do falhanço continua a pairar, agoirento, mas cada vez menos importante, porque e daí que faça uma merda? E daí se a professora não gostar, tenho alguma obrigação  natural de lhe agradar? Quem sobra então? O P. não é de certeza, que já há algum tempo que ultrapassei o complexo de Electra. A minha família é mais pequena, mais estranha, e com certeza preocupa-se mais com carinho e croquetes do que com o meu sucesso (Quin, penso sempre em ti). Aquela história de que nos vamos parecendo cada vez mais com quem partilhamos a vida é tão verdadeira, que para lá da linguagem informal que me vai escapando (demasiadas vezes demasiado forte) sinto que, mesmo que leve levemente, me vou desprendendo da ideia de que tenho de agradar a todos, às minhas custas. Vou-me desprendendo dos sentimentos de culpa, dos pesadelos simbólicos, dos pensamentos obsessivos. Mesmo se isso não é evidente no dia-a-dia, mesmo se continuo a ser eu - a sensível, a lotus orb de todos os efeitos. A supersticiosa, a que prefere a indirecta não por cobardia mas para não ferir, não estragar. A que teima com o valor dos sentimentos antigos, mesmo quando deles só sobra uma sombra com manchas escuras do tempo passado. Acho que não tem problema mantê-lo, querendo ou não, porque é tudo o que trago e a mudança pode não ser possível ou melhor.

Viva, outro texto sobre nada, para o nada, para as vozes que me habitam. Para treinar (mas o meu problema sempre foi o escrever jurídico, não o escrever...) Enfim.