Monday, February 22

"Here's the thing.
Every idiot goes trough life thinking that he's special. That whole solipsistic conceit where you suspect that everything revolves around you and only you. Are you born with it? Probably. When you discover empathy, you're supposed to grow out of it, but I doubt anyone else really does. Zen monks spend their lives trying. But it's hard. There's always that possibility, remote as it might be, that nothing exists outside your head. That you're the star of the show. That everyone else is a supporting character. And after you die, it all ceases to exist."

Idlewild, Nick Sagan

Saturday, February 20

Buffy, the vampire slayer


Sleept with Spike :)

Monday, February 15

"A arte de amar é exactamente a de ser poeta."

Cecília Meireles

Estranhar a sociedade

o priberam tem sempre razão

Praga : s.f.
1. Imprecação de males (contra alguém).
2. Por ext. Calamidade, grande desgraça pública.
3. Pessoa ou coisa importuna.
4. Grande abundância de objectos! importunos, desagradáveis ou nocivos.
"tantos como pragas": muitíssimos (diz-se geralmente do que é prejudicial).

Espelho


Fique em sossego o cálice vermelho
da impetuosa flor chamada instinto.

Quero o teu coração para meu espelho,
pois no teu coração não me desminto.

David Mourão-Ferreira

O Crepúsculo passou na tv...

E eu vi.
Queria perceber o fenómeno que arrastou adolescentes histéricas por todo o lado, e que aparentemente era melhor do que o livro — porque não foi este mas a passagem cinematográfica que despoletou as assinaturas "Bella" por todo o lado e os suspiros por uma mordidela no pescoço. Percebi que esta preferência pelo filme só se explica pelo fraco gosto pela leitura (afinal, é tão mais fácil sentarmo-nos e esperar que a imagem nos entre para dentro dos olhos, como dizia um amigo meu). Vi quinze minutos de filme — mais ou menos o equivalente às páginas que li do livro (do primeiro tomo, atenção! Porque se a Myers não parar em breve publicará mais do que qualquer Jorge Miranda ou Marcel Proust!) — e bastou para uma vida inteira.

Momento de sinceridade absoluta: não pensei que fosse tão mau. Quer dizer, não é assim tão difícil fazer um filme de amor minimamente razoável, ainda mais sendo uma das personagens um vampiro, que sempre foi a imagem de um mundo oculto que mais me atraiu (o Drácula deve estar a dar voltas na tumba, até o Lestat deve estar furioso). Além das duas personagens serem obscenamente encarnadas por actores desinteressantes e pouco atraentes esteticamente falando, a pobre rapariguinha parecia constantemente à beira de um ataque epiléptico, tantas eram as tremuras e as hesitações. Será que não conseguiu decorar as falas? É que por acaso até se pode dizer que os diálogos se ausentaram deste filme... Foram substituídos pelas olhadelas fulminantes que eles os dois passam o tempo a trocar, estilo "estou danada para te saltar em cima, ou então tenho uma coisa no olho", "vem para eu te comer toda, ups, não me queria desmascarar, oh não, descobriste-me". O pobre rapaz lá vai tentando não parecer não mal debaixo daquele pó de arroz todo que o torna mais esquálido do que um fantasma - a maquilhagem deve ter-se entusiasmado e esquecido que estava perante um vampiro - mas sem sucesso; começa a espalhar-se à grande e ao comprido, com bocas trágicas do género "Tu não percebes nada" (onde está a Maria e os espectros fatais que os querem tirar dos seus braços, ela tem de ouvir isto!), e uma perseguição constante à moça, que até chateia, onde está ela ele está, sempre com um ar esfomeado até mais não.

No final (para mim, que o filme deve ter-se alongado a restante hora e meia de suplício que lhe competia) não consegui perceber se estava perante um amor à primeira vista muito retorcido e cheio de retoques masoquistas de amor-já-sabido-proibido-sem-que-se-tenha-trocado-uma-palavra, ou pura curiosidade mórbida e anormal pelo próximo. Pena que os óscares não tenham sabido premiar esta riqueza cinematográfica. Talvez o nobel seja mais esperto e ainda vá a tempo.

Friday, February 12

Ikea - Enlouqueça você mesmo


Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja. Diz-se «Iqueia» ou «I quê à»? E é «o» IKEA ou «a» IKEA»? São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferioriza perante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no «I quê à», quando, para eles, é evidente que estou na «Iqueia».

As dificuldades, porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais. Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro. O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos. Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos, são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros. Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta. Achei que combinava bem com a minha personalidade. Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos. Percebi melhor o nome do móvel.
(...)
É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa-de-cabeceira engraçada.
(...)
Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir. O meu é este: para a próxima, pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro.
E os suecos que montem tudo, se quiserem receber.

Ricardo Araújo Pereira in Boca do Inferno/Visão

Monday, February 8

Friday, February 5

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

Tuesday, February 2