Wednesday, July 27

Becoming vegan

"Os nossos conhecimentos e crenças decidem o que nos parece conveniente desejar e sabemos que nem tudo o que, em primeira instância, pode apetecer-nos é compatível com o que somos e como somos"

Fernando Savater, in A coragem de escolher

Thursday, July 21

The Kama Sutra of Reading

É assim

Não interessa o que se diz, o que se escreve
não interessa. Não interessa como se diz
seja embora o como não de todo isento
de interesse. Não interessa a hora, o dia
o lugar. Não interessa onde nem a quem
nem para quando nem para quê
Não interessa porque se diz o que se diz
Muita coisa há que não interessa, aliás
quase nada interessa tratando-se de dizer
Não interessa quando se diz, mas interessa
menos ainda, isto é, nada mesmo
o que se diz ou o que tal queira dizer
Interessa o quê, então? Interessa o mar, o mar
em si mesmo e aquilo que acontece quando o mar
nos cai em cima, prevenida ou desprevenidamente
O mar, o mar sim interessa, mas
convenhamos, o que é que há a dizer
quando o mar nos afaga ou nos cai todo em cima
e nos submerge e afoga? Toda a água
todo o frio, todo o azul, todo o verde que há no mar
Como soi agora dizer-se ao iniciar uma qualquer
explanação, é assim: não há nada a dizer
e quando então alguma coisa se diz, o que é que isso
pode querer dizer ou que raio de interesse poderá ter?
Estão a ver a situação: o mar, toda a monstruosa
porção de água que o mar é, todas as cores
todo o frio e toda a espuma, toda a luz também
e escuridão que há no mar, tudo em cima
de nós. Assim de repente. Que interesse
tem dizer? E dizer o quê? E como?

Rui Caeiro in Resumo - a poesia em 2010 (Assírio & Alvim, 2011).

Wednesday, July 6

Sonnet 18

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate;
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date;
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow'st:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.


William Shakespeare