Sunday, May 31

Teoria do caos

Nope, não há sentido. Quando cresci um pouco e finalmente ganhei liberdade dos meus pais e comecei a agir por minha conta e a ser feliz, pensei que afinal não tinha sido tão má assim no passado, e que aquela história de que o bom que mereces te irá apanhar era verdade. Mas depois veio muita infelicidade (talvez porque eu mereci? mas como?!). Essa infelicidade, de uma forma ou de outra, nunca mais me abandonou; tornou-se minha, como a cicatriz do Zuko. Eu sou essa infelicidade agora, mesmo quando sou feliz. O pior, porém, é que se tornou difícil voltou a acreditar na teoria do Música no coração, e agora passo o tempo a antever o pior, e a esperar o momento em que a felicidade que (ainda) tenho se vá embora, endurecendo-me para isso. No processo, firo as pessoas à minha volta, porque o endurecimento é uma camada a mais entre mim e os outros. Eu sofro, os outros sofrem. Se eu tiro a camada, eu sofro, e por isso acabo a magoar alguém provavelmente.

No final parece que, aconteça o que acontecer, sou sempre eu a única to cry a river. E não vejo solução.

PS: Lembrar que quem quebra uma promessa, quebra duas. Mais: que a ilusão do amor é muito forte e cega, por isso pensamos que amamos quando na verdade o que sentimos é pena, orgulho, nostalgia, amor-próprio. Lembrar que me basta a minha maldade, a minha pena, o meu voyeurismo, e que já tenho o suficiente para me entreter sem morrer de pena pelos outros ou culpar-me pelo que não controlo.

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