Tuesday, July 2

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Fizeste-me rir, duas vezes. E agora, o que fazer? A estranheza de não ter a certeza se devo dizer-to ou não, o medo que te afastes (outra vez?), que me acuses de imitação. E os meus medos também, esta mania tão típica de me dar e de depois me arrepender. Principalmente esta importância que eu dou a todos os pequenos gestos, aos sinais, "ah mas se fez isto quer dizer aquilo", e isto nem sequer me parece racionalizar demais, como tu dizes, L., antes me parece a loucura total.

Sim, este blog está a torna-se demasiado críptico, com todos estes sujeitos não poéticos, estes "tu" que me povoam e que às vezes são femininos, outras vezes masculinos, outras ainda intermédios, ou só o eco de mim. Mas não me atrevo a começar a nomeá-los, a diferenciá-los, prefiro-os assim, "se a carapuça te serve", um anonimato mínimo forçado para defender da inclemência do olhar público (mesmo que este espaço não seja tão público assim, contam-se pelos dedos). De qualquer modo, lembro-me agora, e pragmaticamente, como distinguir J. de J. e outras inversões maliciosas da vida? Ou como esconder um L. que toda a gente conhece? E que interessa se agora é um espaço de poéticas auto-confessionais, sempre foi aquilo que quis para ele, e umas quantas frases que só eu percebo não devem afastar o enxame de fãs dos conteúdo inócuos, se ele for mesmo fiel.

Tenho pensado muito no adágio (ou provérbio ou lá o que isto é, nunca sei), "escrever direito por linhas tortas". Sempre o achei perverso, maldoso, escusado. Agora parece-me tão possível como tudo o resto. Porque parece que é preciso magoar os outros com a mesma arma para que certas feridas não nos doam mais, e isso é provavelmente injusto, mas é real.

Tanto quanto este som de máquina de escrever que as teclas fazem e que agora começa a ser irritante demais!

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