de azul para azul

parece que me tenho de render
à condição de cada um de nós
ter de seguir o seu caminho
alguns a pares de três
outros de um
outros sozinhos pelo menos
dá-me a impressão que não escolhi
só um caminho e procurei
campos abertos e até livros
na biblioteca

é preciso estudar a auto-defesa
de não esbarrarmos em nós próprios
o que me acontece nas cadeiras
da faculdade

mas por mais que não me interesses deixo-me
ir ao teu caminho

sigo e espero ainda
por outras palavras
que se construam sobre as minhas
outras que não as dos cafés
do almoço da companhia ocasional
mas as da sedimentação do ar
soltas livres selvagens porém
férteis viagens
entre bocas dóceis

um dia sairei
deste mapa levado
pelo tempo

mas hei-de lembrar-me deste sonho
esculpido a sopro em vento de papel
das formas e posições do nosso afecto
das sombras por vezes luminosas
de algumas palavras espontaneamente quotidianas
contra o esforço regular de chegar necessariamente 
a algum lado

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