Saturday, May 19

My Interpretation

"We are, with no shadow of doubt reflections of the eyes that look upon us."

Vivemos paralelamente entre dois mundos como estranhos
e só a invenção pode constituir a fábula
de uma unidade que será sempre incerta ou futura ou improvável

António Ramos Rosa

-Que te parece. Se ainda por cima é só uma cena, aquela, deveras nó-na-garganta, aperto-no-peito e arrepio pela espinha!
- Tens a certeza de que te queres ir embora?...

A alma é um vento. Pode cobrir mar e terra. Mas não é da terra nem do mar. A alma é um vento. E nós somos um agitar de folha, nos braços da ventania.
Mia Couto

"Recordam-me os tempos em que estavamos naquelas ameias de castelos nórdicos e esperávamos pelo fim da guerra comemorando ao som de belas melodias... Comemorando o quê? Não sei, mas éramos princesas..." Mi ma bo.

Dói tanto crescer.

1 comment:

Anonymous said...

Apercebi-me debaixo da torreira do sol, a pisar o estojo seco, com os insectos as esvoaçar e o festim das cigarras, que nada me faria mais feliz do que estar com aqueles calções de ganga, com a T-shirt vermelha, o boné dos red-skins, ao teu lado, a contar-te histórias malucas, e a ouvir-te rir.
Há dez anos atrás. Lembraste das pedras bonitas que apanhávamos pela rua por asfaltar e levámos para casa? Do cágado que o Jorgito trouxe uma vez para casa e pusemos a andar pelo quintal? Despareceu aqule gajo, nunca soubemos como, era tão grande! Os mundos e as guerras que fazíamos com os tijolos empilhados por ali. O Balu a repuxar-se na corrente desejoso de se juntar, o Alberto e as cebolas, o gato, os gatos, as gerações de gatos que tínhamos sempre e defendíamos acerrimamente contra os ataques paternais. A criação que dava sempre o ruído de fundo naqueles fins de tarde e os cheiros, é impossível esquecer os cheiros, e tu que sempre cheiraste tão bem, mesmo quando te odiava de morte por me contrariares numa brincadeira quase nunca por malícia, mas porque não podias dar conta de 8 anos de diferença nas explicações. Andávamos sempre arranhadas, com nódoas negras e a roupa suja, isso lava-se dizia a Manelitas, o pior são essas pernas, nunca podem andar de saia! Entre as marcas da guerra no descanso do guerreiro, sempre quando ninguém estava a ver porque um herói nunca chora, o refúgio era a tua pele sempre tão quente e macia.
Voltei a tudo assim, num piscar de olhos, a olhar a imensidão do vale e aquela ponte fria de betão ao longe, em Millau.