Sunday, August 31

A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;

O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do Sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra

Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos of'rece,
Me está, se não te vejo, magoando

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando,
Nas mores alegrias, mor tristeza.

Luís de Camões

2 comments:

Ana Guedes said...

este Luisinho tem jeito com as palavras. E tu, tiveste a perícia de as escolher (tão) bem!

*

R.Joanna said...

Conheço outro Luisinho que também o tem, e ainda por cima não é zarolho :D

Aconselho vivamente o seu Dawning Dusk.