Friday, August 22

Curvas Finais

A ti de cabelos brancos e fundas rugas
afago e sereno abraço com a mente.
Ao coração indago quantas histórias
de gestos partilhados
na extensão do tempo tens esculpidas
no olhar quantos desentendimentos

a caminho da compreensão incógnita
tiveste de submeter ao instinto do bem
para aceitar que os outros viajem ao teu lado
por diferentes caminhos.

A ti que és olhado por vezes
visto e foste deixando de querer 
seguir com os olhos os olhos de quem segue
com as pernas caminhos diferentes:
não descobres os olhos que te cruzam
onde direcções veladas divergem -
talvez tenhas quem te lavasse os pés
no caso de teres as mãos ocupadas 
a  segurar alguém.

Leio nas tuas rugas
que não há uma recta final.

A minha confessa iliteracia
no campo do sentimento humano
vê apenas que se sobrepõem
crenças curvadas e em diversos sentidos
incertezas variadas:

corpo de presentes passados
templos erguidos
a um deus desconhecido, amor
que se nos vai depositando
gerando uma acção.

De l'autre côté (Publicado em http://ossaetcinera.blogdrive.com/)