Thursday, August 23

Gato



Que fazes por aqui, ó gato? 
Que ambiguidade vens explorar? 
Senhor de ti, avanças, cauto, 
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto, 
ó gato, pesadelo lento e lesto, 
fofo no pêlo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada? 
Qual o crime de que foste testemunha? 
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara? 
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos, 
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

Alexandre O’Neill

No comments: