Monday, January 31

Nunca conhecera ninguém

"Éramos muito parecidos, Sumire e eu. Para nós os dois, devorar livros era tão natural como respirar. Aproveitávamos todos os momentos livres para nos sentarmos sossegados a um canto, a virar interminavelmente as páginas, umas atrás das outras. Romances japoneses, romances estrangeiros, títulos recentes, clássicos, obras de vanguarda ou best-sellers — líamos de tudo um pouco, todos os livros que nos iam parar às mãos, desde que fossem intelectualmente estimulantes. Fazíamos a rondas das bibliotecas, passávamos dias a fio entretidos a vaguear pela Kanda, a meca dos alfarrabistas, que fica em Tóquio. Além de mim, nunca conhecera ninguém que experimentasse tamanha paixão — tão profunda, tão vasta — pela leitura, e tenho a certeza de que o mesmo acontecia com Sumire."

Sputnik, meu amor — Haruki Murakami

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