Friday, August 31

De um castelo para a mesa

Amo-te no alto da tua ausência, por
Palavras que não são minhas, mas
Escritas antes de mim para te descrever.
Procuro o teu cheiro por entre as
Páginas que compõem o poema e encontro-o
Na curva das coisas que deixámos, talvez.
Para trás esquecidas de enamoramento.
E será ilusão do anoitecer, aquele
Momento onde tudo parece feito
Ser encontrado outra vez, quando
Ninguém nunca soube o que procurava.
E é nesse momento de revelação numa
Noite cheia de sol e de sussurros
Que vejo a transparência da tua imagem desaparecer
Por detrás dum gesto esboçado no meu corpo.

23 Agosto 2007

3 comments:

Unknown said...

Nada dá para acrescentar! Muito bonito!Parabéns!
Continuação de boas férias!

Anonymous said...

Muito bonito.
Construído com uma segurança de aranha :-)

Faz lembrar a poesia do Nuno Júdice nos primeiros versos.

O título é tão apropriado, trazendo a poesia de um amor dos altos (e de entre os muros) de um castelo para o quotidiano do dia-a-dia.

Há ali palavras com sons um pouco estranhos, como "tràs" e "procuráva" – de aplaudir a originalidade... E a frugalidade dos elementos que compõem o poema: os cheiros, as palavras, o anoitecer, a procura – uma epifania – os gestos.

Há momentos em que não é preciso saber o que se procura, encontrando-se versos assim.

Anonymous said...

Adorei o poema...
A musicalidade é sem dúvida incrivel, já para não falar das palavras, ricas de pensamento.

Continua assim
Espero ler mais

Hugo F.