Wednesday, May 1
Pó de alba
Por vezes acordo
com uma sensação de vazio sobre o dia
que se segue. E continuo sonhando,
esquecendo-me
no sono que é réstia apenas,
sombra de uma luz que cobre
a irrealidade dura que desperta
e me arrasta com ela.
Pelos olhos que me deparam
substâncias translúcidas emitidas
pelas sensações, leio como se lê um friso
cronológico na memória, procurando
uma resposta para esta manhã: mas
nenhuma teoria funciona inteiramente,
as coisas permanecem
iguais e não são aquilo
que quereríamos que fossem,
os olhos são os meus e não os vejo,
tenho-os — como as coisas não são
também aquilo que são; como
uma teoria deixaria de o ser
se funcionasse inteiramente
— seria aquilo que é,
já não a sua descrição.
A noite é um rio que vai dar ao dia, e
o dia um respigar de luz que se funde nela.
A manhã, em que por vezes o mundo
desperta obscuro na crescente claridade,
e doutras se revela evidente e agudo
na escuridão em que amanhece,
está nos nossos olhos — tingida.
Sete-Sóis
http://amanhecerdaspalavras.blogspot.pt/
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