Monday, December 28

I get a kick out of you

Tentei encontrar na internet alguma razão biológica ou pelo menos minimamente sensata para o fenómeno do amor. Mas apenas consegui aproximações interessantes em fóruns duvidosos, os sintomas habituais (que não variam assim tanto), poemas, nada em concreto.

Is it true that we can't explain love?
_________________________________________

Why does love happen between two particular people?


"One of the people has freckles and so he finds somebody else who has freckles too." -- Andrew, age 6

Thursday, December 24

Feliz Natal

Menino, peço-te a graça
de não fazer mais poemas
de Natal.
Um dois ou três, inda passa...
Industrializar o tema,
eis o mal.

Carlos Drummond de Andrade

Friday, December 18

William Parrish: Love is passion, obsession, someone you can't live without. If you don't start with that, what are you going to end up with? Fall head over heels. I say find someone you can love like crazy and who'll love you the same way back. And how do you find him? Forget your head and listen to your heart. I'm not hearing any heart. Run the risk, if you get hurt, you'll come back. Because, the truth is there is no sense living your life without this. To make the journey and not fall deeply in love - well, you haven't lived a life at all. You have to try. Because if you haven't tried, you haven't lived.
"We should always carefully reexamine our own moral convictions when we find that no one else shares them."

R. Dworkin, no artigo Justice Sotomayor : The Unjust Hearings

Get happy

Cantarolar pela rua Assobiar
de mãos nos bolsos como quem tem dez anos ou cinquenta
Ter aberto um jornal que não se lê
Interromper sem razão uma conversa
Voltar ou não voltar e afinal voltar
Contagiar desta alegria toda até aqui submersa
os que não sabem nada disto ou disto riem
e só de ver sorrir assim também sorriem
confusamente sem saber porquê

isto é estar vivo é bom e não se explica
nem inventa

Mário Dionísio, in Poesia incompleta
Encontrado no Ao longe os barcos de flores

Thursday, December 17

A falar é que a gente se entende

"Dès lors qu'il s'agit du langage toute question devient politique, pensent Hannah Arendt. Aristote avait déjà formulé l'équation dans La Politique. La langue est politique dans la mesure où elle est le moment même de l'accord entre les émotions et les valeurs. Sans la langage, tout devient malentendu, discorde, violance. Le langage est en cela l'expression première de la civilisation."

Cécile Ladjali, Mauvaise Langue

Tuesday, December 15

Sunday, December 13

reflexologia

há dias em que a minha alma
- se eu acreditasse nisso -
é um espaço com correntes de ar
junto ao coração.

groze, no Lonely Gigolo

Wednesday, December 2

(…)
Por ti diria tudo ou quase nada
Se não fosse esta fome esta saudade
De ser eterna
Madrugada
Ou ser precária
Eternidade

Rosa Lobato Faria

Friday, November 27

A pound of flesh, nothing more

Soneto

Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é o tormento.

Mas como usar amor de entendimento?
Daquilo que te peço desespero
Ainda que m`o dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá senão por um momento.

Mas como és belo, amor, de não durares,
De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.

Amor perfeito dado a um ser humano:
Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas do oceano.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Tuesday, November 24

Ameaça

Um dia vais arrepender-te!

Vou fazer-me explodir em palavras diante de ti
e vamos morrer os dois cravados de sentidos.

Pedro Canais

No man is an island

Monday, November 23

Justiça e poesia

"(...) o poeta é levado a buscar a justiça pela pela própria natureza da sua poesia. E a busca da justiça é desde sempre uma coordenada fundamental de toda a obra poética. Vemos que no teatro grego o tema da justiça é a própria respiração das palavras. (...) Pois a justiça se confunde com aquele equilíbrio das coisas, com aquela ordem do mundo onde o poeta quer integrar o seu canto. Confunde-se com aquele amor que, segundo Dante, move o Sol e outros astros. Confunde-se com a nossa confiança na evolução do homem, confunde-se com a nossa fé no universo. Se em frente do esplendor do mundo nos alegrarmos com paixão, também em frente do sofrimento do mundo nos revoltamos com paixão. Esta lógica é íntima, interior, consequente consigo própria, necessária, fiel a si mesma. O facto de sermos feitos de louvor e protesto testemunha a unidade da nossa consciência."

in Obra Poética Sophia de Mello Breyner Andresen, da Caminho

Tuesday, November 17

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o [olhar extático da aurora.

Vinicius de Moraes

Saturday, November 14

Pieces

Ela amava doidamente, amava de olhos fechados, pele sempre sedenta de afagos e mãos estendidas. Pouco a pouco ele distanciou-se, foi procurando um espaço próprio onde ela não pudesse também entrar, e fechou-se. Ela entrou em desespero rapidamente, e não conseguindo suportar esta indiferença, que nem autorização para sofrer lhe dava (não era uma verdadeira ruptura, não era nada, simplesmente), cortou-se aos bocadinhos, até o pedaço mais pequeno caber num envelope para passar por baixo da porta.

(O amor é o sentimento mais egoísta e altruísta de todos; egoísta ao ponto de matar pela exclusividade, altruísta até nos matarmos pelo infeliz sujeito do nosso amor. O amor dos amantes é diferente do fraternal e solidário, é ferrenho e incontrolável, fere e é ferido por uma simples bolha de sabão. Não há nada que se deteste mais do que o ser amado “a monte”, como escreve MEC.
Se o acaso se encarrega de que gostemos assim tanto de alguém, essa pessoa torna-se mais importante para nós do que qualquer outra coisa no mundo; mas exigimos dela igual disposição e, a partir daqui, num processo imparável, exigimos cada vez mais atenção.

Se o ser amado se quer divertir, tem de ser connosco; se quer descansar, no nosso regaço; se quer jogar, tem de ser contra nós.)

7


Este mundo este mundo * este é o mesmo mundo
Dos sóis e da poeira * dos tumultos e das completas
Tecelão das galáxicas * prateador dos musgos
Ao esvair da lembrança * à entrada dos sonhos
Este é o mesmo mundo * este mundo este mundo é
Címbalo címbalo * e riso vão ao longe!

Odysséas Elytis, Louvada Seja

Wednesday, November 11

A vida

A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;

a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;

a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.

Nuno Júdice, in Teoria Geral do Sentimento

Tuesday, November 10

Da justiça e outros

"Porque os advogados (...) estão muito longe de quererem introduzir ou impor os mínimos melhoramentos na justiça; em compensação - e é muitíssimo revelador - quase todos os acusados, incluindo as pessoas mais simples, começam desde o princípio do processo a encarar melhoramentos a propor e desperdiçam muitas vezes assim um tempo e forças que poderiam utilizar com muito melhor proveito."

Der Prozess, Franz Kafka

Thursday, November 5

O outro lado

Não consigo dormir. Há poucas horas
despedi-me de ti - «every time
we say goodbye I die a little.
Devo habituar-me
às fases dessa lua a que obedeces,
às estranhas marés de cada instante
que tu sabes viver como se fosse
o único, o melhor da tua vida
isente de remorsos e de apegos,
tão próxima de tudo. A minha dor
vai-se apagando à medida que um anjo
desce ao meu quarto e começa a torná-lo
fugaz imitação de um paraíso
em que até o meu nome se alterasse.

Não há nada a fazer, no entanto:
o facto é que, apesar de algum amor,
eu não me chamo Pedro,
mas sou ainda demasiado humano
para me libertar. Ainda não despertei,
ainda não tenho trinta e cinco anos
como Siddharta no momento em que
terá visto o vazio, escutado o inaudível.

Aquilo que vislumbro a esta hora
são rápidos reflexos de uma silhueta
que só podes ser tu
entre o céu e o mar, nessa noite
de lua cheia, quando abandonámos
um restaurante junto ao Guincho. Eu queria
ficar também assim, unir-me devagar
à linha do horizonte, sem saber
distinguir as fronteiras de coisa nenhuma.

Não hei-de conseguir: por mais que tente,
por mais que me desprenda ou desaprenda
os ritos e os ritmos do corpo ou da alma,
hei-de lembrar-me dos teus olhos vagos
e hei-de supor que estavam procurando
dizer-me qualquer coisa. Apenas o silêncio
poderia falar como eles
nessa plena doçura de existir
na maior paz do mundo. E contudo, pra mim
cada palavra se conjuga sempre
com outras palavras, e assim por diante
até ao infinito, até formarem
por exemplo um poema como este
- inútil quer pra mim, quer pra ti
ou pra qualquer leitor que nele ainda
pretendesse encontrar alguns vestígios
dessa tão pobre e má sabedoria
à qual, já só por hábito literário,
gostamos de chamar o coração.

Despedi-me de ti há pouco tempo,
mas continuo a ver-te, ignorando
por que me agrada ainda a sensação
de ter morrido mais um pouco. A vida
vai arrastar-me ao longo de outras vidas
entre o maelström dos bares onde irei afogar
esta ansiedade exausta – não é grave,
eu sei que não é grave e que entre nós
há-de restar plo menos a sombra de um anjo
que nos segrede uma palavra mágica
e saiba prolongá-la em tudo o que algum dia
- talvez daqui por meses, anos, séculos –
ainda formos capazes de sentir.

Fernando Pinto do Amaral, em A Escada de Jacob
Enviado pelo Ao longe os barco de flores

Tuesday, November 3

eisfluências

A COERENTE INCOERÊNCIA DOS POETAS
Por Carmo Vasconcelos

O poeta tem dias de apego e outros de libertação. A fascinante essência do poeta é mesmo essa dicotomia. A pluralidade de desejos, a inconstância de ser e estar, a inquietude perene, a ânsia latente, na incansável busca da união com o TODO, porque menos do que isso é a insatisfação do poeta. O poeta ora abre as asas ao sol, ora se ensopa de chuva; ora sorve o ar que respira, ora sufoca em recolhimento. Por vezes, é fuga. Veste-se de distância e monta na garupa do vento! Tanto se deseja solto como uma gaivota, como se deseja aprisionado, refém rendido ao amor!

Temos um novo espaço jornalístico na blogosfera: http://eisfluencias.wordpress.com/

hypercube

Ainda poesia

A lua e marilyn

Tinha duas faces como a lua
Uma que toda a gente conhece
e outra (a que nunca se vê, a que não reflecte o sol)
e que ninguém (ou quase ninguém) está interessado em conhecer
É esse o teu lado que me fascina
que sempre me fascinou
Pousavas sobre as coisas (uma bicicleta, os lábios de Yves Montand)
como uma borboleta
e não pesavas mais do que isso
e o écran ficava amarelo quando te punhas a sacudir
o pólen que trazias agarrado nas mãos
Eu que sempre gostei de ir ao fundo de tudo
(e acabo por me ficar pela superfície de tudo)
custa-me a entender como é que tu ao passares a língua
pela casca de um fruto carnudo
lhe ficavas logo a conhecer o sabor ácido da polpa
(...)

Jorge Sousa Braga, O Poeta Nu

Sunday, November 1

O livro dos amantes - VI

Aumentámos a vida com palavras
água a correr num fundo tão vazio.
As vidas são histórias aumentadas.
Há que ser rio.

Passámos tanta vez naquela estrada
talvez a curva onde se ilude o mundo.
O amor é ser-se dono e não ter nada.
Mas pede tudo.

Natália Correia

Saturday, October 31

Porque é que viver com uma estudante de arquitectura dá mau resultado





Porque acabamos a fazer pesquisas estranhas.
"Querida mamã: acabo de iniciar a minha carreira de advogado defendendo um réu político. Absolveram-me – NICOLAS."

Mais na Pó dos Livros

Friday, October 30

Cap


Portanto, recorrendo essencialmente à wikipédia e aos meus (demasiado) escassos conhecimentos de biologia, pretendo pensar aqui em letra escrita a cópula da espécie Sylvilagus floridanus, vulgarmente conhecida como Coelho. Sem entrar demasidamente em pormenores complexos, podemos logo apercebermo-nos de uma verdade evidente: mais do que a maioria dos restantes animais, os coelhos Não copulam com o objectivo de reproduzir a espécie. Quer dizer, isso é evidente!, com a quantidade de crias que têm de cada vez, que justificariam que se envolvessem uma única vez na sua vida, ponto culminante a partir do qual a sua existência perderia a adrenalina, com as coelhas autorizadas a alegar pretensas dores de cabeça sempre que lhes fosse conveniente. Mas aqui é que está o grande segredo, da igreja e das coelhas! (A igreja nunca quis admiti-lo, mas este assunto embaraça-a profundamente). Na verdade elas têm um útero bifurcado (palavra que me faz sempre pensar na língua das serpentes e na hidra do hercúles da disney), o que significa que que podem ter gravidezes múltiplas. Os senhores e as senhoras (principalmente as últimas), já devem ter percebido o que isto significa... Orgasmos múltiplos, pois está claro. Caro Watson, assim se resolvem os mistérios mais intricados.


Depois ainda temos o bom velho coelho à caçador, que certamente tem efeitos afrodisiacos conotados, mas isso fica para outra oportunidade igualmente oportuna para abordar temas tão tabu como este.

Tenho-me alimentado de poesia, assim como quem se sente a morrer de fome


"Deixai-me chorar mais e beber mais,
Perseguir doidamente os meus ideais,
E ter fé e sonhar - encher a alma."


Camilo Pessanha, Clepsidra

Thursday, October 29

Prestidigitação

Não pode mais do que a natureza
nem são de ferro as leis que me governam.
Dentro de mim as artes se conjugam
que de novos sinais te vão cercar:

uma pedra fendida num sorriso,
uma nuvem gritando nas alturas,
uma sombra que a luz não justifica,
um sopro quando o vento se afastou.

Outras muitas maravilhas eu faria
e quantas mais me dessem na vontade,
mas não a servem artes nem sinais:
é de ferro e é lei esta saudade.

José Saramago, Os Poemas Possíveis

Wednesday, October 28

XIII

Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos

Saturday, October 24

Não ter deus é um deus também


Repare-se como Saramago tentou explicar que ainda não percebeu qual foi o grande problema de toda a gente com aquilo que ele, na sua liberdade de autor, entendeu escrever.

Encontrei no Bibliotecário de Babel a dedicatória do livro, e acho que vale a pena lê-la:
A Pilar, como se dissesse água.

Friday, October 23

Requiem pelo que ficou para trás

O universo pariu várias novas estrelas, incluindo O amanhecer das palavras.
Aqui vai fica o meu poema preferido do poeta que viajou para lá.
______________________________________

Ensaio geral para a eternidade

Não sou este aceno de luz
que às vezes reflecte no ar
um traço de música

não diz de mim
a voz com que dançamos
sem ensaios
em palcos de palavras

resquício de coisas
que se atraem e às vezes
colidem no início de um parágrafo

o que deixei para trás
o que poderei ter sido sem saber.

não interessa,
responderei sempre
que maio florir.

O verão chega e ilumina
a desarrumação dos sentidos
a noite vem e leva consigo
as incertezas.

fico então
sem tempo nem modo
até nova palavra

sete sóis, no dawning dusk

Wednesday, October 21

Eu estou do lado do Saramago

Contra todas as congregações religiosas que se apresentarem ao combate.

Tuesday, October 20

Vambora

Os Possivelmentes mudaram-se para uma nova lua. Aqui

Revisitações

"Onde os meus pés estiverem,
aí estará a minha raíz para me sustentar,
para me erguer e me lançar nas asas do vento,
da chuva e do sol.

Quando o meu chão se abala e estremece,
é a minha raíz sacudindo os galhos, os frutos e os talos...
que só a lucidez já me quis...

E quando o meu ódio é frio, e o meu amor é ardente,
são as asas da vida equilibrando os planos...
E quando a minha voz faz questão de dar o meu segredo,
e o meu coração revelar os meus desejos,
são os palcos da vida levantando os panos...

Aonde a razão me levar, sob o chão estará a minha raíz,
para me fortalecer, me fortificar, romper, perdoar ou calar,
e se um dia o meu sol se esconder,
é que a noite também vive em mim,
e a lua virá para alternar as minhas marés,
e as estrelas guiarão os meus pés...

E quando o que em mim é sagrado se torna profano,
é que, anunciada a vida.
há um querer mais cigano,
é que a luz dessa noite me quer com mais clareza,
e nas veias do mundo
eu sou sangue que alimenta, eu sou coragem!

As estradas da vida são uma eterna coragem,
e aí se revela a minha natureza..."

Ana Cunha, em O vento e a lua, de Rita Ferro

Sunday, October 18


You're a part time lover and a full time friend

dawning dust

por vezes um pequeno
engano pode causar
torrentes de acusações
e terramotos de sentimentos,
deslocando lealdades
e entoações. quando na
verdade o que interessa
é a procura de uma forma
comum de mal entendido.

Saturday, October 17

Comprido e espinhoso é o caminho

"De vez em quando, é saboroso fechar os olhos e, nas trevas, dizermos a nós próprios: ' Sou feiticeiro' "

Em A Ponte para a Eternidade, Richard Bach

Wednesday, October 14

Descontos na Assírio e Alvim

Gerês

Quando me levantei
já as minhas sandálias andavam
a passear lá fora na relva

Esta noite
até os atacadores dos sapatos
floriram

Jorge Sousa Braga, O Poeta Nu

"The Panopticon is a type of prison building designed by English philosopher and social theorist Jeremy Bentham in 1785. The concept of the design is to allow an observer to observe (-opticon) all (pan-) prisoners without the prisoners being able to tell whether they are being watched."

http://en.wikipedia.org/wiki/Panopticon

Le philosophe et historien Michel Foucault a particulièrement attiré l'attention dessus dans Surveiller et punir (1975) en en faisant le modèle abstrait d'une société disciplinaire, inaugurant une longue série d'études sur le dispositif panoptique.

Friday, October 9

Sentidos

Vivemos rodeados de amigos
e dos famíliares dos amigos,
incapazes de verdadeiramente
nos soltarmos, ou de pelo
menos nos perdermos de vez.
Vamos seguindo a vertigem
do conhecimento
(electrónico-carnal) que
desvendamos, por trás
de sorrisos ocasionais e
ocos de sentido, sem chegarmos
à verdade que nos salvaria.

Como esponjas
secas e poirentas.

Thursday, October 8

Complicated

Estivemos a falar sobre o que achamos da Avril Lavigne. É um assunto difícil, mas conseguimos resumir com sucesso (brindemos ao sucesso, Quintino!) o essencial: uma menina mimada, cheia de ideais e pretensões de um estilo que depois renegou, em troca de tudo o que mais desprezava. A música dela é a prosa do Dan Brown na música; mas bolas, nós gostamos de a ouvir once in a while.

Desafiei a Caixa de Berloques a pensar nisto por escrito, mas ela não teve coragem. É pena, porque com tantas reflexões interessantes na blogosfera deve-se sempre contribuir com uma ou outra mais elevada, por exemplo sobre a Avril Lavigne.

Eu e Maria Manuela acabámos isto

O próximo é a Mona Lisa :)
"Pour moi, l'écriture (...) doit servir au livre."

Entretien avec Michel Foucault, Le Point, n'1659, 1 Juillet 2004

Dez anos depois, uma Amália poeta


"Tantas coisas que já li
Outras tantas que vivi
Fazem de mim o que sou
Ai se eu tivesse esquecido
Tudo o que tenho vivido
E o coração decorou"

Amália Rodrigues, achado aqui

Tuesday, October 6

Monday, October 5

O mar pela manhã


Deixem-me estar aqui. Que também eu contemple,
um pouco, a natureza - o mar, nesta manhã,
o céu azul sem nuvens, de um e de outro a luz
onde se alonga a amarelada praia.

Deixem-me estar aqui. Que eu pense que isto vejo
(não é que o vi um instante, quando aqui parei?).
Tudo isto só - e não, também aqui, visões,
memórias, e os espectros do prazer antigo.

Constantino Cavafy
(trad. Jorge Sena, enviada pela Amélia Pais)

Wednesday, September 30

"Le bonheur est une chose trop sérieuse pour être laissée aux économistes et aux politiques. En revanche, il est permis d'exiger d'eux qu'ils construisent un monde qui ne nous rende pas sa quête impossible."
_________________________________________________________

"A felicidade é uma coisa demasiado séria para ser deixada aos economistas e aos políticos. Por outro lado, podemos exigir deles que construam um mundo que não nos torne a sua busca impossível."

Philippe Frémeaux
Na página da Soledade Santos

Sunday, September 27


quem já o tenha visto três vezes.

Wednesday, September 23

Saturday, September 12

Femme et chatte


Elle jouait avec sa chatte,
Et c'était merveille de voir
La main blanche et la blanche patte
S'ébattre dans l'ombre du soir.

Elle cachait — la scélérate! —
Sous ces mitaines de fil noir
Ses meurtriers ongles d'agate,
Coupants et clairs comme un rasoir.

L'autre aussi faisait la sucrée
Et rentrait sa griffe acérée,
Mais le diable n'y perdait rien...

Et dans le boudoir où, sonore,
Tintait son rire aérien,
Brillaient quatre points de phosphore.

Paul Verlaine

____________________________________

Mulher e gata

Ela brincava com a gata
E era admirável ver as duas,
A branca mão e a branca pata,
Brincando à noite, na penumbra.

Ela escondia - a celerada ! -
Sob as mitenes de fio escuro
As assassinas unhas de ágata,
Claras, cortantes, como um gume.

Fingia-se a outra adoçada
E retraía a garra afiada,
Mas o diabo nada perdia...

E no toucador retinia
O som de aéreas gargalhadas
E quatro pontos fosforesciam.

Tradução por Fernando Pinto do Amaral, em Poemas Saturnianos e Outros

Friday, September 11

Jorge de Sena volta a Portugal


Meu caro Amigo

Se me não engano, é esta a segunda carta que V. recebe depois de morto. A outra, como deve estar lembrado, escreveu-lha Carlos Queiroz, que o conheceu pessoalmente. Não tive eu tanta honra, o que, pode crer, é um dos meus desgostos verdadeiros. No entanto, não lamento o desencontro. Apenas a curiosidade ficaria satisfeita; e, em contrapartida, jamais o Álvaro de Campos ou o Alberto Caeiro se revestiriam, a meus olhos, daquelas pungentes personalidades que lhes permitiu, e aos outros, o seu espírito sem realidade nenhuma. Porque esta é a verdade, meu Amigo: toda a sua tendência para a “despersonalização”, para a criação de poetas e escritores “heterónimos” e não pseudónimos, significa uma desesperada defesa contra o vácuo que V. sentia em si próprio e à sua volta. Quando V. criou o Álvaro de Campos, o Alberto Caeiro e o Ricardo Reis, quando fez deles um grupo de amigos seus, defendeu-se contra si próprio – e só não o tendo eu conhecido pessoalmente, não tendo, pois, assistido à irremediável ausência de qualquer deles, era possível cumprir-se em mim (ou noutros em idênticas circunstâncias, e para quem, também, a poesia não seja uma forma definitiva como um título consolidado) o que deve ter sido um dos mais melancólicos sonhos da sua vida.

V. não foi um mistificador, nem foi contraditório. Foi complexo, da pior das complexidades – a sensação do vácuo dentro e fora, V. não foi um poeta do Nada, mas, pelo contrário, poeta do excessivamente virtual, de toda a consciência trágica de probabilidade, que a crença no Destino não exclui.
(...)
Não, meu Amigo! O D. Sebastião da “Mensagem” parece-se tão extraordinariamente com o Menino Jesus do “Guardador de Rebanhos” (“era o deus que faltava”...), que quase se suspeita da objectividade de “O Menino de sua Mãe”! É essa a fonte do espantoso vácuo que o cercava, meu Amigo: o vácuo da Terra, da qual o Sol se levanta, mas da qual não nasce!...
Não creio, portanto, que a morte o tenha prejudicado, meu Amigo: V. não diria mais do que disse; V. tinha dito sempre a mesma coisa – maravilhosamente, de quantas maneiras possíveis.

Veja, no entanto, as “Malhas que o Império tece”! Porque V., à parte o seu caso único na história das literaturas, para ser algo do Super-Camões que anunciara, não precisava de ter publicado uma espécie de Lusíadas, e de deixar as Líricas dispersas por revistas, ou amontoadas num baú, entregues às mãos do acaso e da amizade...

As suas obras estão sendo publicadas. O grande público decorará o seu nome; muitas pessoas o lerão; algumas o hão-de entender e amar. Outras desconfiarão de V. Outras, ainda, lamentarão secretamente aquela complexidade, de que já falámos, e que não pode servir de garantia a profecias ou realidades, para uso do “gado vestido dos currais dos Deuses”. Será tido como mistificador. Será tido como contraditório. Mas V., meu Amigo, já o sabia... E aquele sorriso vago, que flutuar aquém dos seus retratos, para quem será, não é verdade?

Creia na imensa admiração e no imenso respeito do
Jorge de Sena

Carta a Fernando Pessoa, In Fernando Pessoa & Cª Heterónima

Thursday, September 10

Tuesday, September 8

Cozinha da Casa de Manhouce, para a Marta

Em homenagem ao seu Amadeo.

L'amour, selon les enfants

"Quando a minha avó ficou com artrite, não se podia dobrar para pintar as unhas dos dedos dos pés. Portanto o meu avô passou a fazer sempre isso por ela, mesmo quando apanhou, também, artrite nas mãos. Isto é o amor."
Rebeca, 8 anos

"Amor é quando vais comer fora dares grande parte das tuas batatas fritas a alguém, sem obrigares a darem-te das dele."
Chrissy, 6 anos

"O amor é quando dizes a um rapaz que gostas da camisa dele e, depois, ele usa-a todos os dias."
Noelle, 7 anos

"Amor é quando a mamã vê o papá vem cheiroso e arranjadinho e diz que ele ainda é mais bonito do que o Robert Redford."
Chris, 7 anos

E tratar dos pontos negros alheios, digo eu?

Em Lisboa que Amanhece

Odisseia no Espaço

pensando em Kubrick e em Borges


Se o tempo é relativo e

as viagens espaciais levam

tempo, porque não falar-se

em tempos espaciais?

O inferno são todos

Porque a estupidez humana raramente tira férias.

Início do ano escolar é amanhã nos EUA
Obama ateia controvérsia com discurso aos estudantes americanos
07.09.2009 - 19h26 Rita Siza, Washington
Várias escolas norte-americanas indicaram já que não vão transmitir amanhã o discurso de início do ano escolar do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, depois de educadores e pais um pouco por todo o país terem manifestado a sua oposição ao que classificaram como um “acto de doutrinação” ideológica. (...)
De acordo com excerptos disponibilizados pela Casa Branca, Obama falará da sua própria experiência escolar e de como por vezes não queria fazer trabalhos de casa. O Presidente vai dizer que desistir dos estudos pode parecer uma boa ideia, mas nunca é: “Estão a desistir de vocês próprios e também do vosso país”.
Antes de Obama, outros dois Presidentes, os republicanos Ronald Regan e George H. Bush, tiveram a mesma ideia — e foram elogiados pela iniciativa. Mas Obama acabou por ver-se envolvido numa enorme e surpreendente controvérsia, alimentada por grupos de interesse e comentadores conservadores, que logo classificaram a mensagem do Presidente como uma forma encapotada de disseminar “propaganda liberal”.
O furor começou depois do gabinete do Presidente ter divulgado um primeiro resumo da sua intervenção, para que os professores pudessem preparar as suas aulas. Aí se referia que Obama iria sugerir que os alunos “ajudassem” o Presidente a governar, por exemplo escrevendo cartas para a Casa Branca dando conta de ideias e iniciativas que gostassem de ver concretizadas.
Perante a oposição dos conservadores, a Casa Branca recuou e retirou essa sugestão do discurso.
Notícia na íntegra no Público de 08-09-2009

Sunday, September 6

A verdadeira história da Gata Borralheira


"Pensam vocês que sabem esta história? Mas a que têm na vossa memória É só uma versão falsificada, Rosada, tonta e açucarada Feita para as crianças inocentes Não terem medo, Ficarem contentes."
(...)
"-Ó Querida Madrinha, ó boa Fada,
Vou-lhe pedir coisa complicada.
Príncipe rico já eu conheci,
de luxos e jóias já me servi.
Agora pretendo um marido honrado
Bom e fiel, sempre a meu lado."

"A Gata Borralheira de repente
viu-se casada com atraente
fabricante de bela marmelada.
Como era doce, doce estar casada!
Para todo o sempre foram felizes,
não sei se tiveram muitos petizes."

Histórias em Verso para Meninos Perversos, Roald Dahl traduzido por Luísa Ducla Soares

Friday, September 4


Andaram a chatear-me por causa de os votos nulos provavelmente favorecerem uma maioria absoluta, e por dever inscrever-me na ordem dos advogados, mesmo sem verdadeiramente o querer. Para todos esses:

Wednesday, September 2


Dez dias fora do país, e resolvem pregar-nos uma partida, terminando as obras da interminável linha vermelha. Será efeito das eleições que se aproximam?...

Tuesday, August 18

Le beau voyage

Les trains rêvent dans la rosée, au fond des gares...
Ils rêvent des heures, puis grincent et démarrent...

Henry Bataille
(en sortant pour France)

Monday, August 17

Sopro


É naquele remoto sopro dentro do coração
que cada um reconhece o seu destino.
O sonho mais proibido: a ideia de um infinito
por fim quotidiano deixado em sorte
ao corpo do amor.
Rendido e prisioneiro para conservar intacto
o seu sabor, subtraído ao vazio havido entre as coxas
longamente, em vão, como a água que todavia desliza da mão.

Paolo Ruffilli

Friday, August 14

Homónina

:)

Adeus

"Agora a pergunta era tão clara, que eu não achei uma sombra de verdade para me esconder. De outras vezes, outra gente me perguntara o mesmo. E nunca soube responder. Falavam-me de fora, de outro mundo, com uma linguagem diferente. E assim, as nossas ideias jogavam à cabra-cega. Eu próprio, quando queria entender-me, espreitando-me donde me não suspeitasse, não tinha razões talhadas à medida do meu sonho. Os princípios do sendo, da justiça, talvez tivessem envelhecido e não pudessem acompanhar o meu anseio. Só metido dentro de mim eu me compreendo todo e sem razões. Hei-de um dia tombar e arrefecer. Talvez então seja possível a outros meter em leis o que gelou do meu esforço. Até lá, é difícil. Qualquer coisa me está sempre forçando os limites, mesmo da regra que julgo dar-me. Um vento largo ergueu-se não sei donde e arrebatou-me."

P.11 de Contos, de Vergílio Ferreira

Wednesday, August 12

Yumeji ni wa

Ashi mo yasumezu

Kayoedo mo

Utsutsu ni hitome

Mishi goto wa arazu


Embora os meus pés

Nunca deixem de correr para ti

No carreiro dos sonhos

Tais noites de amor não valem o mesmo

Que olhar para ti na tua realidade



Ono no Komachi


Enviado pelo Barco de Flores

Friday, July 31


"Feliz aquele que atraiçoa as suas convicções pelo amor de uma mulher"

René Magritte

Wednesday, July 29



That I would be good even if I lost sanity

Resvés

"Eis algumas explicações para o surgir da expressão “resvés Campo de Ourique” que tanto utilizamos e que encontrámos numa pesquisa rápida, na net:

1. Marina Tavares Dias, no seu livro Lisboa Misteriosa , dedica o capítulo “O mistério das palavras” ao esclarecimento de expressões correntes que a historiadora associa à cidade de Lisboa. Aí se explica que a expressão resvés Campo de Ourique remonta ao traçado urbano da Lisboa oitocentista: a circunvalação que traçava os limites da cidade passava dentro do próprio bairro de Campo de Ourique, na rua Maria Pia, pelo que o bairro era considerado, à justa, parte de Lisboa. Quer dizer resvés Campo de Ourique!

2. No terramoto de 1755 que atingiu Lisboa, os 35 arcos do Aqueduto das Águas Livres sobreviveram sem rachadura. Diz-se que ficam situados na junção de duas placas do Cretácio Superior, muito perto de uma falha sísmica, a de Campo de Ourique. Por isso se diz que quando alguma coisa escapou por milagre “foi resvés, Campo de Ourique”;

3. Diz-se também que foi com o eléctrico 24 que fazia o percurso entre os Prazeres e o Largo do Carmo que esta expressão ficou ainda mais popular! A razão de tal popularidade deve-se ao facto de o eléctrico 24 roçar a esquina da Panificação(em Campo de Ourique!), pois colocando a mão pela janela, batia-se no edifício: era resvés Campo de Ourique!"

Encontrado na Cyberteca

Thursday, July 23

Andei a ver manga :)




Quem me quiser amar,
que me leve
fechada no meu mistério...

Me leve
como um presente imerecido,
vindo não sabe de onde
- sempre com medo que lhe fuja
da caixinha cor da bruma
em que se esconde.

Quem me quiser amar,
me leve, sem importar
de perguntar o que eu valho.
- Já lhe basta essa alegria de saber que me possui,
de saber que eu valho mais
que quanto quiser pensar.

Sebastião da Gama

Correctamente

"Mais vale aprender a fazer amor correctamente do que a marrar num livro de história"

A Erva Vermelha, Boris Vian

Monday, July 20

Sobre uma leitura proustiana

"O leitor que, preguiçosamente, apenas reproduz o que leu, o leitor que fetichiza o livro, seja como mercadoria, seja como objeto bonito, como mania de bibliófilo, este não é exatamente o leitor proustiano. O leitor proustiano é o que pensa através das conclusões que vêm dos outros, que inventa por si a partir do desejo aceso pela leitura. Com isto, PROUST mostra que o ato de ler é, na verdade, dos mais complexos, porque não podemos ir além do que ali se diz e, no entanto, precisamos ir além do que ali se diz, imaginação à solta."

Davi Arrigucci Jr., Leitura: entre o fascínio e o pensamento(2)
"Seuls, en effet, les romantiques savent lire les ouvrages classiques, parce qu'ils les lisent comme ils ont été écrits, romantiquement, parce que, pour bien lire un poète ou un prosateur, il faut être soi-même, non pas érudit, mais poète ou prosateur."

Marcel Proust, Sur la Lecture
Texto completo aqui

Como tornar-se um leitor em 10 passos

1.º – Escolha uma data para começar a ler e respeite-a.

2.º – Evite começar por livros considerados literatura light, pois embora o nome seja encorajador não reflecte de todo a realidade e pode destruir a melhor das intenções.

3.º – Livre-se de todos os telemóveis, playstation, dvd’s e afins que tenha por perto.

4.º – Depois de começar a ler não pode parar sem, pelo menos, chegar ao fim do primeiro capítulo; deixá-lo a meio aumenta consideravelmente o risco de desistir antes mesmo de ter começado.

5.º – Para se auto-motivar, pense muitas vezes em todos os benefícios da leitura.

6.º – Peça às pessoas que estão à sua volta que não bocejem nem se deitem no sofá a ver os programas de televisão que passam em horário nobre.

7.º – Peça ajuda a um profissional - pode ser um livreiro, um editor, um professor, etc. – ou participe em fóruns e blogues da especialidade. Estas comunidades de leitores ajudá-lo-ão a integrar-se mais facilmente na sua nova realidade.

8.º – Mude de hábitos, a fim de evitar locais onde possa conviver com pessoas completamente desinteressantes.

9.º – Não faça pausas muito grandes e complemente-as com a leitura de um jornal, revista, de banda desenhada ou de uma história infantil.

10.º – Parabéns. Se chegou até aqui é porque já é um leitor. No entanto, evite os entusiasmos exagerados, como, por exemplo, passar a considerar-se um intelectual.

Encontrado na Pó dos Livros

Henry Fantin-Latour



Autoretrato, na Gulbenkian

Thursday, July 16


Dog Days Are Over - Florence and The Machine

Pepa: That lady is dangerous.
Cabdriver: No lady's dangerous if you know how to handle her.

Monday, July 13

Welcome


Conta a lenda que um dia um grupo de samurais atravessava uma estrada em frente a um templo budista quando foram atraídos por um pequeno gato branco que lhes parecia sorrir da entrada, levantando uma pata como que convidando-os a entrar. Uma vez lá dentro ouviram a gigantesca tempestade que estalava lá fora, e ficaram convencidos que havia sido o pequeno animal a salvá-los. Desde esse dia o Gato de Beckong ou Maneki-neko, como ficou conhecido, é usado como talismã e sinal de boas vindas no Japão.

Aprendi numa enciclopédia de gatos :)

Friday, July 10


Será a relação da Jane Eyre com Rochester uma relação de amor socrático como a de Alcibíades?

Alcibíades, de Platão

1.
SOCRATES. Child of Cleinias,
I think you may be surprised,
that being the first of your lovers,
the others having stopped, I alone have not left you,
and when the others in a crowd were conversing with you,
I have not spoken to you in years.
And the cause of this is not anything human,
but a certain divine opposition,
whose power you shall also hear of later;
but now since it no longer opposes, thus I have come;
and I am hopeful also it will not oppose anymore.

Traduzido por Sanderson Beck
Achado em http://www.san.beck.org/Alcibiades.html

Monday, July 6

Para os amigos que se vão silenciando

"Consolamo-nos na beleza imediata das coincidências, escapa-nos a beleza catastrófica dos acasos."

Inês Pedrosa, em Fazes-me Falta

Friday, July 3

Dying

Sabemos que dormir é como morrer
e tememos cada manhã não mais
despertar; ainda assim dormimos,
e sempre que abrimos os olhos agradecemos
a sorte de podermos morrer todas as noites
para ressuscitarmos dos sonhos

Thursday, July 2


"O abade, por seu turno, passou o resto dos seus dias num cárcere, no convento, em contínuos actos de penitência, até morrer, sem nunca ter compreendido, após uma vida inteira totalmente dedicada à fé, em que coisas devia acreditar, mas procurando sempre acreditar em alguma coisa até às últimas consequências."

O Barão Trepador de Italo Calvino, p.145

Monday, June 29

Russian Salad


The original version of the salad was invented in the 1860s by Lucien Olivier, the chef of the Hermitage restaurant, one of Moscow's most celebrated restaurants. Olivier's salad quickly became immensely popular with Hermitage regulars, and became the restaurant's signature dish.
The exact recipe -- particularly that of the dressing -- was a jealously guarded secret, but it is known that the salad contained grouse, veal tongue, caviar, lettuce, crayfish tails, capers, gherkins, cucumbers, hard-boiled eggs and soy beans. Other reported ingredients included truffles, cubed aspic and smoked duck, although it is possible that the recipe was varied seasonally. The original Olivier dressing was a type of mayonnaise, made with French wine vinegar, mustard, and Provencal olive oil; its exact recipe, however, remains unknown.

http://en.wikipedia.org/wiki/Russian_salad

Thursday, June 25

Principalmente pela tua voz


"É uma tradução para ser lida pelo gozo de ler." "Pelo gozo de ler" repito e retenham, gozo que é aumentado se o poema, sobre cuja oralidade se escreveram rios de tinta, for lido em voz alta, o que, segundo os peritos, está implícito na própria contextura poética."
João Bénard da Costa, in Público, 16.10.05