Saturday, August 31




Aqui ao luar,
Ao pé de ti,
Ao pé do mar

Friday, August 30




"Make friends with your past
And you can leave it at last"

"hasta los encaprichamientos más pasajeros y leves carecen de causas"

Javier Marías

Thursday, August 29


  Aquilo que temos de mais importante são os nossos segredos. Não as histórias da nossa vida, mesmo as mais embaraçosas, mas aquelas coisas que gostaríamos que nunca ninguém usasse contra nós. E contudo damo-las de graça, à primeira pessoa mais ou menos próxima, mais ou menos íntima que se aproxime. Mesmo que mais tarde nos venhamos a arrepender, mesmo que então desejemos voltar atrás e conseguir calar o que soltámos, da próxima vez voltaremos a contá-lo, a contá-lo irreflectidamente, a um novo alguém de que também não podemos estar seguros.

  Porque é que insistimos em fazê-lo? Não se trata de uma pergunta vã, do género "porque amamos outra e outra vez" ou "porque confiamos", isso sabemos porque é: porque não pode ser de outra maneira, se queremos ser felizes. Mas e os nossos segredos, o que é que têm que ver com isso? A situação parece-se mais à de quando gostamos de alguém daquela forma especial, e nos atrevemos, e damos aquele passo extra em frente ("Ei, se eu tiver coragem de dizer que eu meio gosto de você"), para logo a seguir termos oportunidade de nos arrepender, de desejar nunca ter tido essa coragem, porque o objecto dos nossos afectos aproveitou a posição de superioridade que esse tipo de conhecimento dá para nos rebaixar.

  Acho que continuamos a contar porque é uma forma de reviver o que aconteceu, se foi bom; de maldizer tudo com ajuda extra, se foi mau. Porque recontar é uma forma de recomeçar, e podemos embelezar um bocadinho os factos, aquilo que parecia tão preto já se aproxima do cinzento, nós já não fomos tão cruéis como parecia à primeira vista, e temos oportunidade de nos ouvir sobre o que aconteceu e de aprender, porque percebemos melhor, porque nos conhecemos melhor. Também acho que contamos por amor, a maior parte das vezes; por despeito (queremos fazer o ouvinte sofrer, sentir ciúmes), pelo egoísmo de nos sentirmos aliviados e de novo a actuar dentro da legalidade, ou simplesmente por orgulho, para nos fazermos maiores ou porque se não contarmos a ninguém é como se não tivesse acontecido. E esquecemo-nos dos danos que podemos causar com o nosso conto, as amizades futuras que não vão sobreviver àquela revelação, os amores que nos vão deixar porque não aguentam ter de viver com toda essa informação obscura e visceral.

  E tudo porque não fomos capazes de guardar aquele segredo sobre nós mesmos. Auto-cusculhas, somos os nossos piores inimigos.



"You vibrate on a very strange frequency"


Wednesday, August 28

Rylai







The Crystal Maiden.

Tuesday, August 27

Se muore lei




per me tutta questa messa in scena del mondo che gira, possono anche smontare, portare via, schiodare tutto, arrotolare tutto il cielo e caricarlo su un camion col rimorchio, possiamo spengere questa luce bellissima del sole che mi piace tanto... Ma tanto... Lo sai perché mi piace tanto? Perché mi piace lei illuminata dalla luce del sole, tanto... Portar via tutto, questo tappeto, queste colonne, questo palazzo... La sabbia, il vento, le rane, i cocomeri maturi, la grandine, le 7 del pomeriggio, maggio, giugno, luglio, il basilico, le api, il mare, le zucchine... Le zucchine...



("If she dies, they can close this whole show of a world... they can cart it off, unscrew the stars, roll up the sky and put it on a truck, they can turn off this sunlight I love so much. Do you know why I love it so much? Because I love her when the sun shines on her. They can take everything away, these carpets, columns, houses, sand, wind, frogs, ripe watermelons, hail, seven in the evening, May, June, July, basil, bees, the sea, courgettes...")

A fase que mais me intriga numa separação é aquela onde tudo parece uma espera. A incredulidade e raiva iniciais são fáceis de compreender, previsíveis até. Que tudo irá ficar eventualmente bem, outra vez, também. Mas e o tempo que os separa, que se escoa entre estes? Tentativas de fazer o tempo passar, com filmes, saídas, mas aquela sensação de que não estamos a caminhar para lado nenhum, porque ninguém nos espera, seja onde for.

And that's why Disney's the best

http://blogs.disney.com/oh-my-disney/2013/08/07/things-we-learned-about-sharks-from-disney-movies/

Sunday, August 25

Origens


E alguns mitos desmitificados: não fomos "feitos para comer carne", só por um acidente estamos no topo da food chain, e ainda hoje não se sabe como chegámos tão longe com tantas desvantagens biológicas e o que aconteceu às espécies nossas irmãs. 

http://www.amazon.de/kurze-Geschichte-Menschheit-Yuval-Harari/dp/342104595X/

Saturday, August 24

XII


Si para refrenar este deseo
loco, imposible, vano, temeroso,
y guarecer de mal tan peligroso,
que es darme a entender yo lo que no creo.

No me aprovecha verme cual me veo,
o muy aventurado o muy medroso,
en tanta confusión, que ya no oso
fiar el mal de mí que lo poseo,

¿qué me ha de aprovechar ver la pintura
de aquél que con las alas derretidas
cayendo fama y nombre al mar ha dado,

y la del que su fuego y su locura
llora entre aquellas plantas conocidas,
apenas en el agua resfriado?

Garcilaso de la Vega, Poesías completas, Coleccion Fontana, Edicomunicación, p. 27

Wednesday, August 7



20.

Há respostas mais simples do que as perguntas:
A calma tem dentes
Afilados para morder
Sombras ocasionais
Perdidas de cada lado
Do percurso.

As sombras soltam-se
Porque a calma é muda,
Manifesta-se apenas pela presença
E premedita.

Rui Almeida

Tuesday, August 6

Imagens que falam por si








Como eu gostava, secretamente, que ainda existisse mesmo, escondido no grand bleu...

Sunday, August 4



"And just like that I realised Big and I weren't us anymore. We had become something else.
What it was I had no idea."

Saturday, August 3



'Peter Getting Out of Nick's Pool', David Hockney, 1966


Even if it seems incredible, some men abide to Bond's type.

Sehnsucht

"Ver e reconhecer uma mulher ou uma cidade como bela contém (também) já o desejo ou algo mais: a Sehnsucht (o império dos sentidos). Ligada a esta interpretação está um fenómeno tão frequente como inquietante: destruir o que se venera e gostar daquilo que se destrói. A história do vandalismo, que se confunde por vezes com a história da arte, talvez devesse ser compreendida em termos psicanalíticos."

Luís F. Colaço Antunes, Direito Urbanístico — Um outro problema: a planificação modesto-situacional, Almedina, p. 56.
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Ou como até trabalhar na tese durante as férias de verão pode continuar a procura do belo.

Friday, August 2


"Mister Candie, normally I would say "Auf wiedersehen," but since what "auf wiedersehen" actually means is "'till I see you again", and since I never wish to see you again, to you, sir, I say goodbye."

Pela desordem dos sentidos

Sou fã da desordem, como enrique vila-matas. Não necessariamente da desordem física, sino más bien da desordem mental, da liberdade absoluta. Não acredito que o emprego fixo, a respeitabilidade, o hábito nos façam mais felizes do que o inesperado, do que o desafiante. Ser livre para não tirar a melhor nota possível naquele exame, para entrar na mesma carruagem que aquele rapaz giro no metro e dar-lhe o meu número, para escolher as amizades que se deseja manter e devagar matar as outras — pior!, ser livre de preferir pouco dinheiro e mais tempo para o que verdadeiramente interessa, que são os gatos, ler nos transportes públicos, amar. Porque desse caos, sim, nasce o melhor de nós, escondido que costuma estar no meio dos papéis, ou espartilhado pela ideia da sociedade do que é ser normal. Abaixo a normalidade! Somos todos anormais, nem que seja só porque todos somos, fatalmente, diferentes. Por isso devíamos respeitar o caos, força criadora, matriz da vontade, pelo menos tão importante quanto o desejo pela paz e pelo habitual que nos acompanha.


"Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague"

Thursday, August 1

Cuéntamelo otra vez


Cuéntamelo otra vez, es tan hermoso
que no me canso nunca de escucharlo.
Repíteme otra vez que la pareja
del cuento fue feliz hasta la muerte,
que ella no le fue infiel, que a él ni siquiera
se le ocurrió engañarla. Y no te olvides
de que, a pesar del tiempo y los problemas,
se seguían besando cada noche.
Cuéntamelo mil vezes, por favor:
es la historia más bella que conozco.

Amalia Bautista, Tres deseos, Editorial Renacimiento, Sevilha 2006