"Ni una sola palabra más
No mas besos al alba
Ni una sola caricia habrá
Esto se acaba aquí
No hay manera ni forma
De decir que sí
No mas besos al alba
Ni una sola caricia habrá
Esto se acaba aquí
No hay manera ni forma
De decir que sí
Si alguna vez
Creíste que por ti
O por tu culpa me marché
No fuiste tú
Por eso y más
Perdóname"
Creíste que por ti
O por tu culpa me marché
No fuiste tú
Por eso y más
Perdóname"
"Um dos pedidos mais recorrentes entre casais
desavindos é o de perdão. O perdão pode pedir-se, expor-se, implorar-se,
chorar-se aos soluços até que - por vezes - acaba por se impor
naturalmente.
Decerto que casos há em que não vale nada, zero. Em determinadas situações menores, declara-se apenas como um tímido pedido de desculpas que se eleva à categoria de mártir. À outra parte compete então proclamá-lo, com todas as letras, respondendo solenemente à "pergunta-monumento": perdoas? E normalmente sim, resposta afirmativa em grande parte dos momentos, quando se sente que há gente. Pelas peças da memória que o tempo faz ruir, pela destreza com que o distanciamento consegue fazer separar as águas, na clareza do sofrimento do outro à nossa porta. Abundantemente, sim, perdoa-se. Já esquecer são outras águas, zonas de navegação sombria de alguém consigo mesmo na intimidade. Não tenho memória de alguém perguntar como ponto de partida ou como fim de exposição da legítima defesa: esqueces? (...)
Decerto que casos há em que não vale nada, zero. Em determinadas situações menores, declara-se apenas como um tímido pedido de desculpas que se eleva à categoria de mártir. À outra parte compete então proclamá-lo, com todas as letras, respondendo solenemente à "pergunta-monumento": perdoas? E normalmente sim, resposta afirmativa em grande parte dos momentos, quando se sente que há gente. Pelas peças da memória que o tempo faz ruir, pela destreza com que o distanciamento consegue fazer separar as águas, na clareza do sofrimento do outro à nossa porta. Abundantemente, sim, perdoa-se. Já esquecer são outras águas, zonas de navegação sombria de alguém consigo mesmo na intimidade. Não tenho memória de alguém perguntar como ponto de partida ou como fim de exposição da legítima defesa: esqueces? (...)
Mas no íntimo
de quem sabe, na esfera privada, esquecer não é direito ou prerrogativa.
Às vezes é só um golpe de sorte ou uma partida que a vida nos prega.
O direito ao
esquecimento dos outros não está nas nossas mãos, não somos nós que o
decidimos. É exactamente por esse facto que a pergunta é tão poucas
vezes ensaiada, pé de chumbo de qualquer vontade por mais que se queira
ou por melhor que se faça. Quem manda na memória, quem proclama o
esquecimento? Podemos convocar as forças mais íntimas e as mais férreas
vontades: esquecer não está no nosso domínio, não é uma manifestação do
nosso arbítrio, não é matéria para o ser humano. Para quem vive e
respira, esquecer só pode ser fingir que não aconteceu. Esquecer é
mentira. Só se esquece porque desaparece. E desaparecer não é matéria
para a humanidade."
Miguel Guedes no JN
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