"Mas uma intelectual não se distingue apenas pela forma de falar, ou por figurar todos os semestres na lista de honra do reitor, ou passar todo o tempo livre em museus e concertos e a ver um tipo de filmes ao qual chamam <<arte>>. Havia que aprender a não ficar muda ao entrar numa festa cheia de intelectuais mais velhos e encartados — nem tão pouco cometer o erro oposto de falar de mais, dizendo inanidades e atrocidades uma atrás da outra na esperança no esforço vão de emendar qualquer inanidade ou atrocidade dita minutos antes. E caso se desse ao rídiculo em festas assim, havia que aprender a não se deixar cair na agonia da humilhação quando nessa noite chegasse à cama.
Era preciso ser uma pessoa séria, mas — e isto era um paradoxo de enlouquecer — era preciso dar a entender que nunca se levava nada muito a sério."
Richard Yates, O desfile de Primavera, Quetzal, p. 59
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