Les gens qui passent dans la rue
ont tous l'air légère
de gens qui ne savent pas
le chagrin, ni l'amértume.
Heuresement.
S'ils l'auraient su
peut-être je ne pourrais pas
écrire peut-être personne
n'existait qui pouvait
comprendre le bonheur
des autres et l'état
epuisé de moi même.
13-04-2009
Thursday, April 16
Wednesday, April 15
Tuesday, April 14
A preguiça
"A alma adora nadar. Para nadar, há que deitar-se de barriga. A alma despega-se e parte. Parte a nadar. (Se a vossa alma parte quando estais de pé, (...) ou apoiados nos cotovelos, para cada posição corporal diferente a alma partira com uma locomoção e uma forma diferentes, (...) )
Fala-se muito em voar. Não é isso. O que ela faz é nadar. E nada com as serpentes e as enguias, nunca de outro modo. Há imensa gente que tem assim uma alma que adora nadar. Chamam-lhes vulgarmente preguiçosos. Quando a alma deixa o corpo pelo ventre para nadar, produz-se uma tal libertação de sei lá o quê, é um abandono, um gozo, uma descontracção tão íntima.
A alma parte a nadar no vão das escadas, ou na rua, consoante a timidez ou a audácia do homem, porque ela conserva sempre um fio que a une a ele, e se esse fio se quebrasse (às vezes é muito fino, mas só uma força terrível o poderia romper) seria terrível para eles (para ela e para ele).
Então, quando ela está entretida a nadar ao longe, escoam-se, por esse simples fio que liga o homem à alma, volumes de uma espécie de matéria espiritual, como lama, como mercúrio, ou como gás – gozo interminável.
É por isso que o preguiçoso é incorrigível. Nunca mudará. É por isso que a preguiça é a mãe de todos os vícios. Pois acaso haverá coisa mais egoísta do que a preguiça? (...)
Mas as pessoas irritam-se com os preguiçosos.
Quando os vêm deitados, batem-lhes, mandam-lhes água fria à cabeça, eles têm de recolher a alma imediatamente. Olham-vos então com esse olhar de ódio, bem conhecido, que se vê sobretudo nas crianças."
Henri Michaux
Fala-se muito em voar. Não é isso. O que ela faz é nadar. E nada com as serpentes e as enguias, nunca de outro modo. Há imensa gente que tem assim uma alma que adora nadar. Chamam-lhes vulgarmente preguiçosos. Quando a alma deixa o corpo pelo ventre para nadar, produz-se uma tal libertação de sei lá o quê, é um abandono, um gozo, uma descontracção tão íntima.
A alma parte a nadar no vão das escadas, ou na rua, consoante a timidez ou a audácia do homem, porque ela conserva sempre um fio que a une a ele, e se esse fio se quebrasse (às vezes é muito fino, mas só uma força terrível o poderia romper) seria terrível para eles (para ela e para ele).
Então, quando ela está entretida a nadar ao longe, escoam-se, por esse simples fio que liga o homem à alma, volumes de uma espécie de matéria espiritual, como lama, como mercúrio, ou como gás – gozo interminável.
É por isso que o preguiçoso é incorrigível. Nunca mudará. É por isso que a preguiça é a mãe de todos os vícios. Pois acaso haverá coisa mais egoísta do que a preguiça? (...)
Mas as pessoas irritam-se com os preguiçosos.
Quando os vêm deitados, batem-lhes, mandam-lhes água fria à cabeça, eles têm de recolher a alma imediatamente. Olham-vos então com esse olhar de ódio, bem conhecido, que se vê sobretudo nas crianças."
Henri Michaux
Friday, April 10
A vida secreta das palavras
"Segundo um dos vários mitos criados em torno de Rá e que foi conservado em papiros do tempo da XIX dinastia, a deusa Ísis lançou um feitiço a Rá, que provocou-lhe uma doença. Sob promessas de cura, Rá foi forçado a revelar o seu nome secreto a Ísis, assim oferecendo-lhe acesso a uma parte de seus poderes mágicos."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ré
Thursday, April 9
Normas
Raymond Logan
1
A arte como um fim superior
não deixa de se subordinar
às leis terrenas. As esferas
comprimem-se e fundem-se;
formas apenas de conceder
ao artista as ordens superiores
das musas caprichosas.
23-03-09
1
A arte como um fim superior
não deixa de se subordinar
às leis terrenas. As esferas
comprimem-se e fundem-se;
formas apenas de conceder
ao artista as ordens superiores
das musas caprichosas.
23-03-09
Sunday, April 5
À esquerda daquela árvore - Victor Jerónimo
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
no Jardim Botânico, que é um parque muito calmo
onde se pode sentir sempre próximo uma árvore,
mas tem sempre que cumprir-se uma cláusula...
...que a cidade fique tranquilamente, longe.
O segredo é apoiar-se digamos, num tronco
e ouvir através do ar, que admite ruídos mortos
como se Reis e cavaleiros galopassem entre as trevas.
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas no Jardim Botânico, sempre existiu
uma agradável propensão para os sonhos,
porque os insectos sobem pelas pernas,
porque a melancolia desce pelos braços,
até que uma palmada nossa os afaste.
Depois disto tudo o segredo é olhar para cima
e ver como as nuvens lutam entre as copas
e ver como os ninhos lutam pelos pássaros.
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas há casais que buscam o Botânico
eles descem de um táxi, ou saem das nuvens
falam normalmente de temas importantes
e olham-se fanaticamente nos olhos
como se o amor fosse um pequeno túnel
para se contemplarem dentro desse amor.
Olhem, por exemplo, para a esquerda daquela arvore
falam e, as suas palavras, param
comovidas a olharem-se e, a mim...
nem sequer seus ecos chegam.
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
porém, é lindo imaginar o que dizem
sobretudo se ele morde um ramo,
ou se ela deixa um sapato entre as pedras,
sobretudo se ele tem uns olhos tristes
ou se ela quer sorrir, porém não pode.
Para mim o rapaz está a dizer
o que se diz muitas vezes no Jardim Botânico
Olha, chegou o Outono
O sol de Outono
E sinto-me feliz
Que linda que tu estás
Sinto-me feliz
Quero-te
No meu sonho
Da noite
Onde escuto as conchas,
O vento no mar
E sabes?
Aqui também há silencio
Olha para mim
Quero-te,
Eu trabalho muito
Faço números
Fichas,
Discuto com cretinos,
Distraio-me e zango-me
Dá-me a tua mão
Agora
Sabes?
Quero-te muito
Penso ás vezes em Deus
Não tantas vezes,
como gostaria
não gosto de roubar
o seu tempo
mais a mais está longe
agora tu,
estás ao meu lado
e, agora mesmo estou triste
estou triste e quero-te
já passaram muitas horas
na rua está um rio
as arvores ajudam
os céus
e que sorte a minha
quero-te
há muito era menino
há muito o que importa
o azar era muito
como entrar em teus olhos
deixa-me entrar
quero-te
deixa-me entrar
quero-te
menos mal, mas quero-te
(...)
Escrito em Outubro de 1988 no Jardim Botânico de Lisboa
Publicado em Terra Latina, antologia poética internacional
no Jardim Botânico, que é um parque muito calmo
onde se pode sentir sempre próximo uma árvore,
mas tem sempre que cumprir-se uma cláusula...
...que a cidade fique tranquilamente, longe.
O segredo é apoiar-se digamos, num tronco
e ouvir através do ar, que admite ruídos mortos
como se Reis e cavaleiros galopassem entre as trevas.
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas no Jardim Botânico, sempre existiu
uma agradável propensão para os sonhos,
porque os insectos sobem pelas pernas,
porque a melancolia desce pelos braços,
até que uma palmada nossa os afaste.
Depois disto tudo o segredo é olhar para cima
e ver como as nuvens lutam entre as copas
e ver como os ninhos lutam pelos pássaros.
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas há casais que buscam o Botânico
eles descem de um táxi, ou saem das nuvens
falam normalmente de temas importantes
e olham-se fanaticamente nos olhos
como se o amor fosse um pequeno túnel
para se contemplarem dentro desse amor.
Olhem, por exemplo, para a esquerda daquela arvore
falam e, as suas palavras, param
comovidas a olharem-se e, a mim...
nem sequer seus ecos chegam.
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
porém, é lindo imaginar o que dizem
sobretudo se ele morde um ramo,
ou se ela deixa um sapato entre as pedras,
sobretudo se ele tem uns olhos tristes
ou se ela quer sorrir, porém não pode.
Para mim o rapaz está a dizer
o que se diz muitas vezes no Jardim Botânico
Olha, chegou o Outono
O sol de Outono
E sinto-me feliz
Que linda que tu estás
Sinto-me feliz
Quero-te
No meu sonho
Da noite
Onde escuto as conchas,
O vento no mar
E sabes?
Aqui também há silencio
Olha para mim
Quero-te,
Eu trabalho muito
Faço números
Fichas,
Discuto com cretinos,
Distraio-me e zango-me
Dá-me a tua mão
Agora
Sabes?
Quero-te muito
Penso ás vezes em Deus
Não tantas vezes,
como gostaria
não gosto de roubar
o seu tempo
mais a mais está longe
agora tu,
estás ao meu lado
e, agora mesmo estou triste
estou triste e quero-te
já passaram muitas horas
na rua está um rio
as arvores ajudam
os céus
e que sorte a minha
quero-te
há muito era menino
há muito o que importa
o azar era muito
como entrar em teus olhos
deixa-me entrar
quero-te
deixa-me entrar
quero-te
menos mal, mas quero-te
(...)
Escrito em Outubro de 1988 no Jardim Botânico de Lisboa
Publicado em Terra Latina, antologia poética internacional
Saturday, April 4
Poema didático
Pour toi
Explicar-te como te amo?...
Bom, comecemos pela cor do vento...
José P. di Cavalcanti Jr.
Encontrado no Ao Longe os Barcos de Flores
Poema de Amor para Jorge Luis Borges
Me pesan
el bullicio y la injusticia
La marea turbia
y el olor de un atardecer marino
que no he de presenciar
Las largas despedidas
y los encuentros fugaces
Algunas palabras
y los silencios forzados por la distancia
La noche despoblada de ti
que avanza indiferente
hacia el abismo del día
Las letras que componen tu nombre
inmensa pieza del universo
que todo lo encierra
La cifra que define tu número
El género que marca tu cuerpo
El tiempo indefinido de tu existencia.
Lauren Mendinueta, em Inventario
el bullicio y la injusticia
La marea turbia
y el olor de un atardecer marino
que no he de presenciar
Las largas despedidas
y los encuentros fugaces
Algunas palabras
y los silencios forzados por la distancia
La noche despoblada de ti
que avanza indiferente
hacia el abismo del día
Las letras que componen tu nombre
inmensa pieza del universo
que todo lo encierra
La cifra que define tu número
El género que marca tu cuerpo
El tiempo indefinido de tu existencia.
Lauren Mendinueta, em Inventario
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