Ser imigrante é não ser de lá nem de cá. É falar um pouco de duas línguas, misturá-las ao sabor das palavras e esquecer como se costumáva escrever "a minha terra", mas continuar orgulhoso dela. É uma infância de trabalho prematuro, é não saber por que equipa gritar no calor do mundial. Que prendas levar para a família das férias e dos feríados. É formar uma nova família que não queremos deixar no momento de voltar para casa.
Imigrar é uma necessidade involuntária ou prazentosa que dá origem a ainda mais amor ou a desprendimento. Arriscamo-nos a nunca regressar, mesmo que não tenhamos verdadeiramente partido.
21-07
Friday, August 10
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"Marco entra numa cidade; vê alguém numa praça viver uma vida ou um instante que poderiam ser seus; no lugar daquele homem agora poderia estar ele se tivesse parado no tempo muito tempo antes, ou se muito tempo antes numa encruzilhada em vez de tomar uma estrada tivesse tomado a oposta e ao cabo de uma longa volta viesse encontrar-se no lugar daquele homem naquela praça. Agora, daquele seu passado verdadeiro ou hipotético ele está excluído; não pode parar; tem de prosseguir até outra cidade onde o espera outro seu passado, ou algo que talvez tivesse sido um seu possível futuro e agora é o presente de outro qualquer. Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos.
- Viajas para reviver o teu passado? - era agora a pergunta do Kan, que também podia ser formulada assim: - Viajas para achar o teu futuro?
E a resposta de Marco: - O algures é um espelho em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu, descobrindo o muito que não teve nem terá."
As Cidades Invisiveis- Italo Calvino
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