"Si nous habitons un éclair, il est le coeur de l'éternel" René Char
Lado lunar de uma estrela ardida, sento-me nas arcadas.
Falo para as paredes para o tecto para o céu
Aquele que tu vês invertido numa lógica que escapa
Aos alcances humanos, prova irrefutável da tua divindade.
Como tudo o que não sou e que gostava de ser
Te falo e te imploro, responde, cala
E a medida do meu amor é não se medir
Por tempo, espaço ou outra convenção qualquer
Daquelas que eles inventaram para ser relativas.
Vejo-te usar a luz ao pulso, o meu coração à banda,
Ficam-te bem.
Quem me dera não ser este pensamento, esta idade,
Presa por candeias de fumo que mais não fazem
Senão perder-nos em nevoeiro.
Quando afinal.
Tu eu qual é a diferença
Se do teu peito ao meu a distância é nula,
Se os teus reflexos iluminam ou obscurem os meus sentidos
E o braço que levas ao chão é para me amparar a queda.
Maneira de Ser/Estar, Hora Momento,
Ensina-me!
Faz-me ver por onde errei até ti.
(Caminhos de que não me lembro.)
Porque os meus passos não foram certos como
Os teus nem o almejam ser,
Na palma da tua mão repousam todos os sonhos do mundo
E neles constróis esta mulher-criança.
Perdi muitas oportunidades, de ser quem era e de ser quem sou,
Fui muito o que esqueci e que talvez nunca tenha sido.
Ajuda-me a voltar a não ser o que não queira
E a encontrar o que afinal serei um dia, este ou outro qualquer
Em que me encontre contigo como agora.
Monday, November 26
Ambrósio, apetecia-me algo (para a minha mãe)
"Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. (...)"
Excerto de Tabacaria, Álvaro de Campos
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. (...)"
Excerto de Tabacaria, Álvaro de Campos
Monday, November 19
Ícaro
Thursday, November 15
Primeiros Exemplares II
Rua Sésamo
Às vezes
tenho quase a certeza
de que sou o protagonista
e não uma das outras marionetas
Às vezes
rio com a evidência
de que nunca passei de uma marioneta
com a mania do protagonismo.
Paulo Tavares, in Pêndulo
Monday, November 12
Monday, November 5
Definitely no
Do grego Ataraxia: «impassibilidade». Introduzido por Demócrito, e utilizado sobretudo pelos epicuristas e estóicos, o termo significa tranquilidade da alma - ausência de perturbação. Os estóicos identificam a ataraxia com a apatia, isto é, a serenidade intelectual, o domínio de si, o estado da alma que se tornou estranha às desordens das paixões e insensível à dor, rejeitando a procura da felicidade; já que as "coisas" não podem ser de outro modo, o mais sensato é acomodarmo-nos.
Os cépticos e os epicuristas procuram o mesmo através da ataraxia, atitude que, sem renunciar à amizade, à compaixão, ao prazer ou à dor, não permite a perda do equilíbrio espiritual. Epicuro entende que se chega à felicidade pelo prazer, mas, porque alguns prazeres se revelam nefastos, é necessáriofazer uma "triagem", rejeitando aqueles que não são naturais ou não são necessários à nossa paz: o prazer é, então, ausência de perturbações passionais da alma.
Os cépticos e os epicuristas procuram o mesmo através da ataraxia, atitude que, sem renunciar à amizade, à compaixão, ao prazer ou à dor, não permite a perda do equilíbrio espiritual. Epicuro entende que se chega à felicidade pelo prazer, mas, porque alguns prazeres se revelam nefastos, é necessáriofazer uma "triagem", rejeitando aqueles que não são naturais ou não são necessários à nossa paz: o prazer é, então, ausência de perturbações passionais da alma.
Thursday, November 1
Part I - Soirée
Um computador no colo. Uma porta aberta para uma infinidade de janelas manipuláveis. Flash. O som clicante de uma exploração abusiva. Uma tentativa de escrita. Bebedeiras psicológicas -Hoje não sei se estou cá, se estou lá- Sentimentos partilhados numa comunhão de dores corporais. Insultos. Apenas formas de usar as palavras como se usa o olhar para falar coisas que não se dizem. Estados de nebulosidade, de sombra. Leves ronronares, pesados risos. Papéis de chocolate deixados no sofá, nos bolsos do casaco. Velocidade, objectiva, focagem. Pedaços soltos de pedras e prisão de ventre. Hoje não é definitivamente dia para absolutismos, sejamos vagos e poéticos como Caeiro, pensar é não compreender, Tenho demasiado sono Faz frio Não confio em ti Dá-me o que de meu a mim pertence Ai que és sempre a mesma coisa Dá-me Agora fizeste-me lembrar alguém. Baladas sob o sol, sumo vermelho debaixo dos pés que o pisam porque a gente não passa do chão e ainda não aprendeu a voar como os pássaros. Vícios particulares, compreensões inexplicadas por sorrisos oblíquos. Os piratas também têm cemitério, deixa-me respirar do vale para a montanha esta liberdade campestre, água fria uma vela e um pedaço de bôla.
Escreve um livro.
Fontelo, 5 de Outubro de 2007
(Foto tirada a 6/10/07)
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